Carmen Postigo.
Roma, 13 nov (EFE).- O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, encarregou neste domingo ao economista e ex-comissário europeu Mario Monti a formação de um novo governo, após a renúncia, no sábado, de Silvio Berlusconi ao cargo de primeiro-ministro.
Durante a tarde, Monti foi convocado por Napolitano para ir à sede da Presidência, o Palácio Quirinale, depois que o chefe de Estado, de 86 anos, concluiu uma série de consultas com algumas das principais lideranças políticas do país para buscar uma saída para a crise de governo aberta com a renúncia de Berlusconi.
‘A Itália deve voltar a sanear sua economia e a retomar o caminho do crescimento. É algo que devemos a nossos filhos, aos quais temos que dar um futuro concreto de dignidade e esperança’, declarou Monti em sua primeira entrevista após receber a incumbência de formar o novo governo.
Monti também disse que a ‘Itália pode superar a situação de emergência com o esforço de todos’, e se comprometeu a dar forma a seu governo em breve, sem especificar um prazo.
Todos os partidos políticos, menos a Liga Norte, declararam apoio – alguns com condições – a um governo de caráter técnico liderado pelo ex-comissário europeu de Mercados e Valores, de 68 anos. Ele conta também com o respaldo de outros países europeus, que o veem como uma garantia para a estabilidade dos mercados e a aceleração das reformas econômicas pelas quais a Itália deve passar.
É possível que Monti aceite a missão nas próximas horas, e apresente uma lista com os nomes dos novos ministros. O juramento dele como chefe do Governo pode acontecer já na segunda-feira, e nos dois dias seguintes o novo gabinete deve se submeter a um voto de confiança no Senado e na Câmara dos Deputados.
O partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (PDL), apoiou a formação de um governo técnico de transição liderado por Monti. O secretário-geral do partido, Angelino Alfano, afirmou que o PDL se opõe à presença de políticos no novo Executivo, que em sua opinião deve ser formado apenas por técnicos.
Alfano insistiu que a atuação de Monti deverá ser baseada nos compromissos de reforma firmados pela Itália perante a União Europeia, e manifestou além disso seu descontentamento pelo fato do novo governo não ter saído das urnas.
Já Pier Luigi Bersani, líder do maior partido da oposição, o Partido Democrata (PD), afirmou que sua legenda apoia um Executivo ‘totalmente novo’ e com uma forte presença de técnicos capazes de ‘conseguir que a Itália fique em condições de enfrentar a emergência’ na qual está imersa.
O chamado ‘Terceiro Polo’, formado pelos partidos Aliança para a Itália (API), União de Democratas e Cristãos (UDC) e Futuro e Liberdade (FLI), apoiou a formação de um governo liderado por Monti.
O líder do UDC, Pierferdinando Casini, que foi acompanhado em entrevista coletiva por Francesco Rutelli, dirigente da API, e por Italo Bocchino, vice-presidente do FLI, entre outros políticos, destacou que os partidos italianos ‘estão em uma encruzilhada: especular sobre a situação esperando algum lucro eleitoral ou assumir a responsabilidade de salvar o país’.
Por sua vez, o líder do opositor Itália dos Valores (IDV), o ex-magistrado Antonio Di Pietro, disse que espera conhecer a futura equipe do governo de Monti, o programa, e sobretudo, o tempo de duração do novo Executivo para decidir se o apoiará ou não.
Já o líder da Liga Norte, Umberto Bossi, afirmou que não está de acordo com um governo técnico, por isso sua legenda passará à oposição.
‘Dissemos ‘não’ de forma contundente. Será uma base enorme, que não tem necessidade de nossa participação. Estaremos na oposição e vigiaremos’, declarou Bossi.
Berlusconi, hoje na condição de primeiro-ministro interino, aproveitou o dia para afirmar que renunciou por ‘sentido de Estado e de responsabilidade’ para com a Itália, e anunciou que continuará na política e ‘dobrará’ seus esforços no Parlamento e nas instituições para renovar o país. EFE