Manifestantes lotam ruas da Espanha contra reforma trabalhista
Protestos reuniram milhares de pessoas em Madri, Barcelona e Valencia
Milhares de manifestantes invadiram neste domingo as ruas de Madri, Barcelona e Valência em resposta à convocação dos grandes sindicatos espanhóis para protestar contra a reforma trabalhista do governo conservador. Na avaliação dos sindicalistas, o plano acelerará a destruição de empregos. Protestos similares ocorreram em outras dezenas de cidades.
Em 11 de fevereiro, o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy adotou medidas para tentar tirar o país da crise e conter o desemprego, que atingiu o recorde de 22,85% – valor mais alto, inclusive, de todo o mundo industrializado. Entre as ações está justamente a flexibilização do mercado de trabalho, incluindo a redução das indenizações de demissões e medidas paras estimular o emprego de jovens.
Na capital espanhola, os manifestantes convocados pelos sindicatos UGT e Comissões Operárias (CCOO) atravessaram a região central com cartazes com frases como “não à reforma trabalhista injusta, ineficaz, inútil” ou “abaixo à reforma e aos cortes”. Na falta de números da polícia, fontes sindicais contabilizaram em 500 mil os manifestantes na capital. “Greve! Greve! Greve!” ou “o povo unido jamais será vencido!”, eram os gritos mais ouvidos.
Em Barcelona, os sindicatos garantem que cerca de 400 mil pessoas participam dos protestos, enquanto a guarda municipal ainda contabilizava os participantes. Na capital catalã, o cartaz principal dizia “nem reforma trabalhista, nem cortes” e nos demais lia-se “não à reforma PPatronal”, em alusão ao Partido Popular (PP), no poder. Também eram ouvidos slogans como “banqueiros ladrões devolvam os milhões”, lançados por funcionários de bancos. Após os grandes cartazes, os presdentes marchavam em meio a um ambiente animado e barulhento pelos tambores e por ruidosas bozinas e sirenes.
Em Valência, no leste do país, aproximadamente 150 mil pessoas protestaram, conforme números dos sindicatos.
“O governo terá que escutar a voz das ruas e abrir um processo de negociação na segunda-feira”, declarou pouco antes do início da marcha o secretário-geral do sindicato UGT da Catalunha, Josep María Alvarez, enquanto o líder do CCOO, Joan Carles Gallego, declarou à imprensa que continuará nas ruas. “Se não for aberto um processo de negociação com o governo e não possamos modificar a reforma, as manifestações prosseguirão e uma delas pode ser a greve geral”, advertiu Alvarez.
“É preciso se mover. Começam com isso e depois vão tirar mais direitos”, disse em Madri Victor Ogando, um manifestante de 44 anos com um chapéu preto com o símbolo vermelho e branco do CCOO, ex-funcionário da construção, e atualmente desempregado.
Entre a multidão também marchavam professores com a camiseta “maré verde” – um movimento de protesto nascido em setembro contra os cortes na educação na região de Madri.
(com Agence France-Presse)