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Magda Chambriard será a sexta presidente da Petrobras em três anos

Jean Paul Prates foi demitido do comando da estatal nesta terça após longo processo de fritura; trocas tiveram, em comum, fatores políticos

Por Larissa Quintino Atualizado em 15 Maio 2024, 12h36 - Publicado em 15 Maio 2024, 09h03

A cadeira de presidente da Petrobras volta a pegar fogo e, em menos de um ano e meio sentado nela, Jean Paul Prates, economista e ex-senador do PT, foi demitido. A saída de Prates faz com que a estatal tenha seu sexto presidente em pouco mais de três anos.

Desde abril de 2021, a petroleira já foi presidida por Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna, José Mauro Coelho, Caio Paes de Andrade e Jean Paul Prates. Agora, o governo indica Magda Chambriard. Ela é engenheira, ex-funcionária da estatal e foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) durante o governo Dilma Rousseff. Seu perfil é visto por analistas como mais próximo do pensamento petista para a estatal do que Prates.

Trocas políticas

Todas as trocas do comando da estatal nesses últimos anos tem um componente político forte. O economista Roberto Castello Branco, o mais longevo dos últimos ocupantes da cadeira da estatal, ficou por cerca de dois anos no comando da empresa. Indicado por Jair Bolsonaro ainda durante a transição do governo, ele era favorável à privatização da companhia, em linha com o perfil defendido por Bolsonaro durante a campanha. Castello Branco e Bolsonaro entraram em rota de colisão durante a pandemia de Covid-19. A disparada da cotação do petróleo no mercado internacional e o reflexo nos preços aqui fizeram com que o ex-presidente passasse a criticar Castello Branco. Bolsonaro falava sobre o alto salário do executivo, o trabalho home office durante a crise sanitária e, depois de meses de fritura, o demitiu durante uma de suas lives.

Para o lugar de Castello Branco, Bolsonaro trouxe o general Joaquim Luna e Silva, que até então presidia a Itaipu Binacional. A indicação de um membro do Exército animou a ala mais ideológica do governo Bolsonaro, porém Luna seguiu a postura mais alinhada ao mercado e logo também entrou na mira de Bolsonaro. Luna ficou um ano no cargo, de abril de 2021 a abril de 2022, e foi desligado por causa dos repasses da Política de Paridade Internacional ao preço da gasolina. A alta do combustível pressionava a inflação — e junto dela a popularidade de Bolsonaro, que já estava em ano de campanha eleitoral.

Para o lugar de Luna, o ex-secretário do MME (Ministério de Minas e Energia), José Mauro Coelho, foi o indicado e ficou no posto por pouco mais de dois meses. Coelho não era o primeiro nome para a cadeira, mas foi indicado após a  desistência do consultor Adriano Pires, questionado por prestar serviços a clientes e concorrentes da estatal. Também defensor da Política de Paridade, Coelho foi fritado rapidamente por Bolsonaro, que entrava na fase mais aguda da campanha eleitoral.

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De junho até o final do governo de Bolsonaro, o CEO da companhia foi Caio Mario Paes de Andrade, ex-secretário do Ministério da Economia. Andrade teve um processo lento para aprovação devido a questionamento do Conselho sobre suas credenciais para ocupar o cargo. Com um momento de recuo das cotações do barril de petróleo no mercado internacional, a estatal passou a anunciar cortes nos preços dos combustíveis de maneira mais frequente, enquanto as altas demoravam mais para serem repassadas.

Com a troca da gestão, Lula, o novo presidente, indicou Jean Paul Prates, engenheiro e senador petista ainda durante a fase de transição. Prates assumiu o posto em janeiro de 2023. Durante sua gestão, Prates tentou equilibrar uma condução mais próxima ao governo Lula, mas sem desagradar ao mercado, com reajustes mais espaçados de preços de combustíveis, aposentando o PPI.

A demissão de Prates, no entanto, teve um motivo diferente da de presidentes anteriores, centrados no reajuste da gasolina: Prates se absteve em uma votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com Lula. Defendida por Alexandre Silveira, o ministro de Minas e Energia,  a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril, porém o processo de fritura de Prates ficou evidente.

Prates também foi criticado pela demora em anunciar investimentos na petroleira, promessa de campanha de Lula, se distanciou das lideranças sindicais e se aproximou de investidores, sendo elogiado por acionistas.

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