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‘Irreversível’ de Flávio Bolsonaro e a agonia do mercado

Para os entrevistados do programa Mercado desta terça-feira, o problema não é o sobrenome, mas a preferência por Tarcísio

Por Veruska Costa Donato 9 dez 2025, 12h15 • Atualizado em 9 dez 2025, 12h36
  • O mercado financeiro não precisa de horário eleitoral para entrar em campanha. Bastou o senador Flávio Bolsonaro se colocar como herdeiro político do pai e dizer que a candidatura “é irreversível”, para um ataque de nervos. A reação não foi apenas antipatia à família, explicam Lauro González, coordenador de microfinanças da FGV, e Ricardo Rocha, coordenador de finanças do Insper. Foi algo mais incômodo: incerteza pura, daquelas que o mercado não sabe nem como precificar.

    Lauro faz uma distinção que dói em qualquer gestor: “Risco você administra. Incerteza, não.”

    E Flávio, até aqui, tem entregado exatamente o segundo pacote. No domingo, acenou que poderia desistir da candidatura “mediante um preço”. No dia seguinte, recuou e avisou que a candidatura “não tem preço” e “veio para ficar”. Esse vai e vem, esse balão de ensaio testando o humor da base bolsonarista, é lido pelos investidores como ruído permanente até 2026 – e ruído político, em ano de Copom sensível e fiscal apertado, vira prêmio de risco na veia.

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    O ponto central de Lauro é político, mas com impacto direto nos ativos: o movimento de Flávio serve para reanimar uma base bolsonarista desmobilizada – depois da prisão de Jair Bolsonaro, da tentativa frustrada de romper a tornozeleira eletrônica e da ausência de comoção nacional em torno do ex-presidente. Ao se lançar, o senador aumenta o “preço” da direita: mostra que ainda carrega muitos votos e que pode negociar espaço, apoio e cargos em qualquer arranjo futuro, seja com Lula reeleito, seja com um eventual governo de oposição.

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    Para o mercado, porém, essa engenharia de poder tem outra leitura: – Flávio é visto como um candidato mais fácil de ser batido por Lula; – Lula, reeleito em 2026, significa continuidade da pressão fiscal; – e 2027 já é visto como ano-bomba nas contas públicas, qualquer que seja o presidente.

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    Ricardo Rocha reforça essa camada de memória: o governo Bolsonaro não deixou exatamente um legado de austeridade – a dívida pública saltou, o teto de gastos ruiu e parte da credibilidade fiscal foi queimada. Colocar alguém da família de volta no centro do tabuleiro aciona esse arquivo. Soma-se a isso a frustração de parte do mercado, que esperava uma convergência em torno do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, visto como tecnicamente preparado e fiscalmente mais previsível, e recebeu no lugar uma guerra de protagonismo dentro da própria direita.

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    No fim, a leitura dos dois economistas converge. Do ponto de vista do mercado, a mensagem é bem menos elegante: vem aí mais um ano de volatilidade política, num país em que o Banco Central tenta segurar a inflação com juros altos enquanto o debate fiscal patina – e a eleição que realmente mexe com os preços já começou, muito antes do horário eleitoral.

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