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Inflação volta a acelerar e Brasil fica mais distante da Selic de um dígito

Escalada de preços obriga país a mudar de direção e apertar novamente os cintos contra a inflação. Mercado projeta taxa de juros em 11,75% ao ano

Por Luana Zanobia Atualizado em 9 out 2024, 13h03 - Publicado em 9 out 2024, 12h54

O primeiro semestre indicava que o Brasil estava num rumo virtuoso: impulsionado por reformas e demonstrando responsabilidade fiscal com o novo arcabouço, o país avançava com serenidade e comemorava o fato de ser um dos primeiros países a iniciar e seguir o ciclo de corte de juros. No entanto, essa calmaria foi breve. A inflação voltou a assombrar, mostrando que esse velho fantasma está sempre à espreita.

+ Inflação sobe para 0,44% em setembro, puxada por conta de luz e alimentos

A taxa no Brasil deu um salto em setembro. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,44% no mês, acumulando uma alta de 4,42% nos últimos 12 meses — aproximando-se perigosamente do limite superior da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central. Essa escalada inflacionária reforça as expectativas de novos ajustes monetários. O cenário sugere que o ciclo de cortes de juros, que colocou o Brasil entre os primeiros a reduzir taxas, pode ter chegado ao fim, cedendo lugar a uma nova rodada de aperto.

Quais grupos subiram?

Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que seis dos nove grupos pesquisados registraram alta. Os preços da energia elétrica residencial dispararam 5,36% após a mudança da bandeira tarifária de verde para vermelha. A seca prolongada e as queimadas no Brasil, obrigaram a adoção da bandeira tarifária vermelha, elevando ainda mais os custos energéticos para os consumidores. Cada 100 kWh consumidos agora carrega um adicional de R$ 4,46, uma pressão que não passará despercebida nas próximas leituras de inflação.

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No setor de alimentos, o aumento foi de 0,50%, interrompendo dois meses consecutivos de queda. A seca que prejudica as colheitas também tem impulsionado os preços dos alimentos. Itens essenciais como carne bovina e frutas, registraram fortes elevações, afetando o bolso dos consumidores.

Ação do Copom e previsão de analistas

O aumento nos preços dos alimentos e da energia corroboram as preocupações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que alertou para os impactos das adversidades climáticas sobre a inflação. Embora a inflação de serviços e bens industriais tenha desacelerado, a inflação persistente nesses dois componentes-chave, somada à desvalorização cambial recente, gera preocupações de que o quadro inflacionário pode se agravar nos próximos meses.

Antevendo uma piora nas expectativas inflacionárias, o Comitê de Política Monetária (Copom) já começou a reagir. Na última reunião, a taxa Selic foi elevada em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75%. Contudo, à medida que a inflação ameaça sair de controle, muitos economistas acreditam que o Banco Central terá que adotar uma postura ainda mais dura nas próximas reuniões. Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, prevê que o ciclo de altas continuará, com a Selic atingindo 11,25% até o final do ano. “O IPCA de setembro apenas reforça a necessidade de ação firme do Banco Central para tentar manter a inflação dentro da meta,” afirma.

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Esse novo ciclo de alta de juros, ao contrário do que ocorre em economias como a norte-americana e a europeia, onde os bancos centrais estão começando a afrouxar suas políticas monetárias, reflete as particularidades e desafios econômicos do Brasil. O economista do PicPay, Igor Cadilhac, vê o cenário de inflação no Brasil com apreensão. “Com uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic sendo possível já na próxima reunião, o Banco Central terá que encontrar um equilíbrio entre conter a inflação e evitar um esfriamento abrupto da atividade econômica”, ressalta Cadilhac.

Embora o crescimento econômico seja positivo, ele também intensifica as pressões inflacionárias. “Uma economia mais aquecida aumenta a demanda por energia e bens de consumo, o que, em um contexto de oferta limitada por questões climáticas e estruturais, só intensifica o aumento dos preços,” observa Sung. Além disso, a taxa de câmbio, que superou os R$ 5,50, também adiciona pressão inflacionária via importações mais caras.

Apesar da escalada da inflação e do crescimento robusto, a atuação do Banco Central precisa ser extremamente precisa, buscando desacelerar a economia sem esfriá-la em excesso, sob o risco de desencadear uma recessão. Se no início do ano parecia improvável que o Brasil recuasse da política de afrouxamento dos juros, a inflação mostrou que o país permanece vulnerável e refém desse fantasma dos preços.

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