Inflação de abril desacelera na prévia, mas alimentos voltam a subir
Indicador ficou em 0,60%, contra 0,93% no mês anterior, influenciado pelo movimento dos combustíveis; os alimentos acelaram pela primeira vez desde dezembro
A pressão inflacionária considerada passageira em 2020 entrou em 2021 e continuou a pressionar o orçamento das famílias. Mas, em abril, há sinalização de um pequeno alívio, mesmo que temporário. O IPCA-15, índice que representa a prévia da inflação, ficou em 0,60% no mês, alta menor que os 0,93% registrados em março. O resultado está diretamente relacionado ao aumento menor no valor dos combustíveis, vilão dos meses anteriores. Os alimentos, entretanto, voltaram a pesar mais. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 27, pelo IBGE.
Apesar da desaceleração, a inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 6,17%, acima do teto da meta para este ano, que é de 5,25%. Na comparação com abril do ano passado, os preços também representam alta. Vale lembrar que, neste período de 2020, os índices de preço registraram deflação, devido à quebra de demanda causada pelas medidas de distanciamento social para tentar conter a disseminação do vírus.
Segundo o IBGE, os transportes continuam sendo a principal influência no índice e registraram variação de 1,76%, embora tenham desacelerado em relação ao resultado de março, que teve uma alta de 3,79%. A gasolina (5,49%) permanece como o produto com o principal impacto no índice, ainda que com uma variação menor do que o mês anterior (11,18%). Óleo diesel (2,54%) e o etanol (1,46%) tiveram altas, mas também inferiores às registradas em março – de 10,66% e 16,38%, respectivamente. Em abril, a Petrobras reajustou o preço dos combustíveis nas refinarias para baixo em pelo menos duas ocasiões. Os combustíveis, entretanto, continuam a pesar no orçamento porque são cotados em dólar e o real segue desvalorizado.
No caso de alimentação e bebidas, havia uma desaceleração desde dezembro e em abril voltou a haver aumento de ritmo. Na prévia de abril, os preços subiram 0,36%, superior à alta de março. A alimentação no domicílio passou de queda de 0,03% no mês anterior para 0,19% em abril. E o café da manhã ficou mais caro com a alta do pão francês (1,73%) e do leite longa vida (1,75%), cujos preços haviam recuado no mês anterior (-0,11% e -4,50%, respectivamente). As carnes seguem em alta (0,61%), embora com variação menor do que a de março (1,72%). O IBGE destaca a alta na alimentação fora do domicílio, que subiu 0,79% no mês. Durante boa parte do ano passado, a alimentação no domicílio tinha variação maior por causa da mudança do hábito trazida pela pandemia, em que se alimentar em casa passou a ser mais comum.
O IPCA-15 tem preços coletados entre a primeira quinzena do mês de referência e a última quinzena do mês anterior e serve para sinalizar o comportamento da inflação durante o mês. Assim como o IPCA, o indicador abrange famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos.