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Indústria recua em outubro e chega ao quinto mês seguido de queda

Fatores globais e domésticos, como crise de suprimentos e inflação, impactam setor; produção está 4,1% abaixo do patamar pré-pandemia, diz IBGE

Por Larissa Quintino
Atualizado em 3 dez 2021, 15h51 - Publicado em 3 dez 2021, 09h28

A produção da indústria brasileira recuou em outubro, chegando a seu quinto mês consecutivo de queda. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa foi 0,6% menor no mês, devido a crise global dos suprimentos e a desarticulação da cadeia produtiva e inflação elevada.

“Mais do que o resultado do mês em si, chama atenção a própria sequência de resultados negativos, cinco meses de quedas consecutivas na produção, período em que acumula retração de 3,7%. A cada mês que a produção industrial vai recuando, se afasta mais do período pré-pandemia. Nesse momento, está 4,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020”, analisa André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal. Vale lembrar que, no PIB do terceiro trimestre, divulgado na última quinta-feira, a indústria ficou estagnada. No período, o PIB brasileiro recuou 0,1%, fazendo com que o país entrasse em recessão técnica.

De acordo com Macedo, o resultado de outubro mantém uma característica que vem sendo observada ao longo do ano: predominância de taxas negativas e diretamente afetada pelos efeitos da pandemia da Covid-19. “Para além da perda na margem, há um espalhamento dos resultados negativos: são três das quatro categorias econômicas e 19 das 26 atividades no campo negativo. O ano de 2021 está bem marcado por esse comportamento de menor intensidade” observa Macedo.

Ele destaca ainda que os efeitos da pandemia sobre o processo produtivo ficam muito evidentes em função da desarticulação da cadeia produtiva, o que leva ao encarecimento dos custos de produção e ao desabastecimento de matérias primas e insumos produtivos para a fabricação de bens finais. “Pelo lado da demanda doméstica, também permanece uma série de características que a gente já vem elencando mês a mês para justificar o comportamento negativo ao longo do ano: inflação elevada, que diminui a renda disponível das famílias, e um mercado de trabalho que está longe de mostrar uma recuperação consistente, uma vez que ainda existe um grande contingente de trabalhadores fora dele, com uma massa de rendimentos que não avança e marcado pela precarização do emprego. São fatores que também ajudam a explicar porque a produção vem mantendo um comportamento de menor intensidade. Tirando os meses de janeiro, que teve um avanço de 0,2%, e maio, com alta de 1,2%, os outros oito meses tiveram taxas negativas”, acrescenta o gerente da pesquisa.

As influências negativas mais importantes da produção industrial de outubro foram de indústrias extrativas (-8,6%) e produtos alimentícios (-4,2%). As indústrias extrativas voltaram a recuar após avançar 2,2% no mês anterior, quando interrompeu três resultados negativos consecutivos e que acumularam perda de 2,5%. Já produtos alimentícios intensificaram a redução de 3,2% em setembro.

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“O fator mais importante é que as quedas foram disseminadas, mas as maiores influências vieram dos setores extrativo, que vinha de crescimento e foi impactado negativamente pelas quedas do minério de ferro e do petróleo, que representam aproximadamente 90% do setor; e de alimentos, influenciado especialmente pelo comportamento negativo do açúcar, em função de uma antecipação da safra da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do país, devido a condições climáticas adversas. Além disso, tem o grupamento de carnes, sobretudo bovinas, que ainda sofre com as restrições das exportações para China, por conta do mal da vaca louca. A inflação em patamares mais elevados também afeta a produção no setor”, esclarece Macedo.

Outras contribuições negativas vieram de máquinas e equipamentos (-4,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-5,6%), de produtos têxteis (-7,7%), de metalurgia (-1,9%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-21,6%), de produtos de madeira (-6,6%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-4,1%), de produtos de metal (-1,9%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,8%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-2,4%).

Queda em relação a 2020

Frente ao mesmo mês de 2020, a indústria recuou 7,8%, com resultados negativos em três das quatro grandes categorias econômicas, 19 dos 26 ramos, 56 dos 79 grupos e 60,7% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que outubro de 2021 teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior.

“Já é o terceiro resultado negativo neste indicador e o mais intenso dessa sequência. Explicam esse comportamento: o arrefecimento da produção da indústria ao longo de 2021; o efeito-calendário negativo, uma vez que outubro deste ano teve um dia útil a menos do que no ano anterior; e uma base de comparação mais elevada. No indicador acumulado do ano, observa-se crescimento de 5,7%, mas vale destacar a perda de intensidade nos últimos meses, por conta da redução observada no ritmo de produção. É importante lembrar que até setembro essa expansão era de 7,6% e em maio estava em 13,2%”, analisa Macedo.

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