Indústria classifica decisão do Copom como ‘incompatível’
Segundo a entidade, decisão do colegiado do BC é incompatível com atual cenário de inflação, afirma presidente da entidade
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Esse foi o menor grau de redução da taxa desde o início desse ciclo de flexibilização, em junho.
Para Ricardo Alban, presidente da entidade, há espaço para um corte maior por parte do Banco Central. “Essa decisão é incompatível com o atual cenário de inflação controlado e torna impraticável continuar o projeto de neoindustrialização do país com altos níveis de taxa de juros. Reduzir o ritmo de corte da taxa básica tira a oportunidade de o Brasil alcançar mais prosperidade econômica, aumento de emprego e de renda”, afirma.
A CNI diz esperar que nas próximas reuniões, após a divulgação de novos dados sobre inflação que confirmem a continuidade da convergência para a meta, seja retomado o ritmo dos cortes que vinham ocorrendo desde agosto de 2023 de 0,5 ponto percentual.
Redução
A decisão do comitê em reduzir 0,25 ponto percentual não foi unânime. Votaram por um corte de 0,25 pp os diretores ê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, enquanto Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira. indicaram uma redução de 0,50 pp. Os quatro que votaram pela redução de meio ponto são os indicados pelo governo Lula.
No comunicado, o Copom retirou a indicação de que haverá novos cortes adiante, ressaltando que dependerá de dados para seguir com a política monetária. A autoridade também destacou que, a despeito do corte de hoje, os juros permanecem em patamar contracionista, essencial para o controle da inflação.
O Copom também manifestou preocupação com o cenário internacional, citando a inflação alta e a continuidade do aperto monetário em economias desenvolvidas como elementos que interferem nas decisões no Brasil. Vale destacar que, nos Estados Unidos, o Federal Reserve ainda não deu início a uma esperada redução dos juros, o que só deve ocorrer — se acontecer — próximo do fim deste ano.