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Indústria brasileira começa 2022 andando para trás

Setor caiu 2,4%, acima das estimativas do mercado, e não conseguiu manter a recuperação de dezembro passado

Por Larissa Quintino Atualizado em 9 mar 2022, 18h48 - Publicado em 9 mar 2022, 09h49

O ano de 2022 começou com o freio de mão puxado na indústria. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), a produção industrial caiu 2,4% em janeiro de 2022 frente ao mês anterior, eliminando assim grande parte do avanço de 2,9% registrado em dezembro de 2021. O tombo é maior que o projetado pelo mercado. Já pouco otimista, esperava um recuo de 1,9% no período.

“Verificamos que o mês de janeiro está bem caracterizado pela perda de dinamismo e de perfil disseminado de queda, uma vez que todas as grandes categorias econômicas mostram recuo na produção, tanto na comparação com o mês anterior quanto na comparação com janeiro de 2021”, destaca o gerente da pesquisa, André Macedo. Com isso, a indústria se encontra 3,5% abaixo do patamar de antes do início da pandemia, em fevereiro de 2020.

O pesquisador ressalta que a expansão verificada em dezembro de 2021, pode estar relacionada à antecipação da produção, por conta de janeiro ser um mês muito marcado por férias coletivas e paralisações. Ele também lembra que o comportamento negativo do setor industrial verificado nesse mês é algo que já vem sendo observado há mais tempo, com o ano de 2021 tendo registrado oito taxas negativas. “Até no indicador acumulado dos últimos doze meses, no qual a indústria permanece em crescimento, com expansão de 3,1%, os avanços perdem cada vez mais a intensidade. Em agosto de 2021, a taxa chegou a registrar 7,2%. Em setembro, foi para 6,5%, 5,7% em outubro, 5,0% em novembro e 3,9% em dezembro”, pontua Macedo.

O comportamento da indústria, que vem perdendo dinamismo a cada ano é uma grande preocupação. O setor é um grande empregador, utiliza mão de obra qualificada e tem salários mais altos. Logo, a desaceleração da indústria traz um impacto grande na produtividade do país. No último mês, o governo reduziu o IPI, o imposto sobre produtos industrializados, lançando mão de uma cartada já bem conhecida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sob o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, está a nobre tarefa de “reindustrializar o país”. Em ano eleitoral, a medida de corte de imposto soa populista, já que uma queda pode reduzir o preço de produtos industrializados e impactar na popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

Redução geral

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Na comparação com dezembro do ano passado, 20 das 26 atividades industriais pesquisadas apontaram recuo na produção. Frente a janeiro deste ano, 18 registraram queda.

“A indústria vem sendo afetada pela desarticulação das cadeias produtivas por conta da pandemia, tendo no encarecimento dos custos de produção e na dificuldade para obtenção de insumos e matéria-prima para a produção do bem final, características importantes desse processo. Além disso, os juros e a inflação em elevação, juntamente com um número ainda elevado de trabalhadores fora do mercado de trabalho, ajudam a explicar o comportamento negativo da indústria”, analisa Macedo.

Entre as atividades, as influências negativas mais importantes na passagem de dezembro de 2021 para janeiro de 2022 foram assinaladas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-17,4%) e indústrias extrativas (-5,2%), após acumularem expansão de 18,2% e de 6% nos dois últimos meses de 2021, respectivamente. Também no confronto com janeiro de 2021, essas atividades foram as que mais impactaram negativamente o índice geral, com queda de 23,5% na primeira e de 6,7% na segunda.

“O segmento de veículos automotores é um exemplo importante de desarticulação da cadeia produtiva, já que tem dificuldades na obtenção de insumos importantes para a produção do bem final. Já o setor extrativo, em janeiro de 2022, teve a extração do minério de ferro bastante afetada pelas chuvas em Minas Gerais”, esclarece Macedo.

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