Ibovespa reduz perdas com expectativa por ajuste fiscal expressivo
Índice encerra pregão com leve alta, repercutindo a sinalização de um corte de gastos expressivo
O Ibovespa operou com bastante volatilidade, e encerrou o dia em leve alta, fechando aos 127,6 mil pontos, em um pregão marcado por maior cautela devido ao feriado da Proclamação da República e ao adiamento do aguardado pacote de ajuste fiscal do governo, que só deve ser apresentado após a reunião do G20, na próxima semana.
O que limitou a queda do índice foi a expectativa de um corte significativo. “O Ibovespa reagiu positivamente ao noticiário sobre as medidas de ajuste fiscal, que apontam para um corte de R$ 70 bilhões e o enquadramento dos reajustes do salário-mínimo e benefícios sociais dentro das regras do arcabouço fiscal”, diz Alexsandro Nishimura, economista da Nomos. “Em tese, é o que o mercado gostaria de escutar. Porém, como não há um anúncio oficial e ainda depende de negociações e aprovação no Congresso, a reação dos ativos foi contida”, diz.
O dólar, por sua vez, flertou com a marca dos R$ 5,80 durante o dia, mas encerrou o pregão com leve queda, cotado a R$ 5,79. A moeda norte-americana tem registrado alta volatilidade, impulsionada pela reeleição de Donald Trump, cujas propostas políticas têm gerado apreensão quanto a novas pressões inflacionárias. Além disso, o ritmo lento de desinflação nos Estados Unidos tem alimentado especulações sobre os próximos passos do Federal Reserve. Essa incerteza em torno da política monetária americana aumenta a cautela global, podendo impactar mercados emergentes como o Brasil.
Apesar das pressões externas e internas, o Ibovespa ainda encontrou algum suporte nos resultados corporativos positivos. O grande destaque do dia, dentre as ações negociadas na bolsa, foi a disparada dos papéis da Americanas. “O movimento refletiu a boa avaliação sobre o balanço da empresa no 3º trimestre, não só pelo número expressivo de lucro de R$ 10 bilhões, inflado pelo resultado financeiro, mas também trouxe avanço no Ebitda e redução no endividamento”, diz Nishimura. As ações da Cemig e Copasa avançaram, impulsionadas pela entrega dos projetos de lei que tratam das privatizações das companhias e as boas perspectivas de aprovação.