Por Vivian Pereira
SÃO PAULO (Reuters) – Os preços de imóveis residenciais, tanto novos quanto usados, nas principais capitais do país não devem desacelerar no curto prazo, conforme estimativas do Ibope.
Segundo levantamento do instituto de pesquisas, realizado a cada seis meses e divulgado nesta quarta-feira, o preço médio do metro quadrado de imóveis novos na cidade de São Paulo registrou crescimento de 85 por cento desde abril de 2009 até outubro deste ano. Se considerados os imóveis usados, o aumento foi de 62 por cento.
A capital paulista apurou o maior aumento de preços no período em comparação a Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, demais capitais envolvidas no estudo, realizado desde 2009.
Nos seis meses de abril a outubro deste ano, os preços de imóveis novos em São Paulo cresceram 14 por cento e, no caso de imóveis usados, subiram 11 por cento, para 6.019 reais e 4.979 reais o metro quadrado, respectivamente, em valores atuais.
Nos seis meses terminados em outubro, entretanto, as maiores altas de preços por metro quadrado de imóveis novos foram vistas no Rio de Janeiro e em Recife, onde subiram 18 por cento.
Em valores atualizados, o preço médio do metro quadrado de imóveis novos no Rio de Janeiro era de 6 mil reais em outubro e, em Recife, de 4.074 reais.
Já em relação aos imóveis usados, Recife apresentou o maior aumento de preços entre abril e outubro deste ano, com alta de 20 por cento, para 3.305 reais o metro quadrado, também com base em valores atualizados.
Na sequência ficou o Rio de Janeiro, com elevação de 19 por cento no caso dos imóveis usados, para 5.106 reais.
“Ainda não há sinais de acomodação dos preços de imóveis, uma vez que as altas ainda são expressivas”, disse o diretor de geonegócios do Ibope Inteligência, Antonio Carlos Ruótolo.
“O mercado está testando até onde é o ponto de resistência do consumidor… O crescimento anual por volta de 30 por cento vem se mantendo desde 2009, não desacelerou”.
Segundo ele, embora o instituto trabalhe com a tendência de acomodação dos preços, este cenário não deve ser visto no curto prazo.
“O mercado tende a se acomodar, mas os números ainda não mostram isso”, afirmou Ruótolo, acrescentando que não há uma perspectiva de quando essa acomodação deve ocorrer. “A tendência é de desaceleração média no longo prazo, dependendo de como a economia se comportar”.
Nos casos em que o valor dos imóveis usados aumentou mais que o dos novos –como Rio de Janeiro e Recife–, ele citou uma “anomalia de mercado”, resultado principalmente do número de lançamentos insuficiente para atender a demanda.
Ele mencionou o Rio de Janeiro como uma das regiões com maior escassez de espaço para construir imóveis novos. “Os lançamentos estão crescendo na periferia, fora do eixo desejado pelo consumidor de renda média e alta, o que eleva o preço dos usados”.
De acordo com o levantamento, Porto Alegre registrou aumento de 11 por cento nos valores de imóveis residenciais novos nos últimos seis meses, a 4.501 reais o metro quadrado, em valores atuais. No caso dos usados, a alta foi de 8 por cento, a 2.922 reais.
De abril de 2009 até agora, a capital gaúcha apurou crescimento de 63 por cento nos preços dos novos e de 50 por cento nos dos usados.