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Harley-Davidson investe em motocicletas elétricas para conquistar jovens

Esses consumidores estão cada vez mais preocupados com questões ambientais

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 Maio 2021, 09h19 - Publicado em 21 Maio 2021, 06h00

Homens tatuados, barbas grisalhas ao vento, jaquetas de couro e o inconfundível ronco dos motores a combustão. Essa é a imagem associada à Harley-Davidson, marca com 118 anos de história e um ícone americano. Criada em um barracão de Milwaukee pelos irmãos Arthur e Walter Davidson e pelo sócio William S. Harley, jovens ambiciosos na casa dos 20 anos, a empresa rapidamente se consolidou como a maior produtora de motocicletas do mundo. No início, destacou-se no mercado bélico, fornecendo os veículos às Forças Armadas dos Estados Unidos nas Guerras Mundiais. Depois, com garotos-propaganda e entusiastas como o músico Elvis Presley e o presidente Ronald Reagan, firmou-se como símbolo de rebeldia. Ser harleyro é um estilo de vida, como costuma definir sua legião de fãs. No entanto, para que uma tradição se perpetue, é necessário se adaptar ao espírito do tempo. No caso da Harley, o caminho passa por uma quebra de paradigma: tornar-se uma marca mais jovem e sustentável.

A empresa enfrentava quedas bruscas nas vendas quando anunciou, em 2014, a criação do LiveWire, projeto de desenvolvimento de motos elétricas. Anos depois, os primeiros modelos chegaram às concessionárias americanas, já com um ajuste sonoro estratégico: um ronco de motor artificial, mais baixo e semelhante a uma turbina de avião. Não é nada comparado à sinfonia dos clássicos pistões V2, mas suficiente para preservar alguma aura de aventura. O visual esportivo e a ausência de embreagem e de marchas, ideais para iniciantes, deixam clara a mudança de público-­alvo. “Não é uma moto para o harleyro de raiz, entre 50 e 70 anos, mas para um público mais novo, ligado em inovação e ao meio ambiente”, diz Luiz Affonso Vasconcellos, diretor das lojas Harley no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.

No início do mês, a empresa anunciou que o LiveWire terá uma gestão autônoma, seguindo o exemplo da Series 1, braço de bicicletas elétricas da Harley, e que produzirá novos modelos a partir de julho. O plano é liderar o mercado elétrico sobre duas rodas até 2025. “A ideia é que o avô tenha uma Harley clássica, o filho uma elétrica e o neto uma bike”, brinca o executivo

A proposta esbarra em um aspecto fundamental: preço. Por 29 800 dólares, a novidade custa pouco menos que um carro elétrico Tesla Model 3 e cerca de 30% a mais que os modelos top de linha da Zero Motorcycles, a pioneira em motos elétricas nos EUA. A expectativa era que as Harleys ecológicas chegassem ao Brasil no início de 2021, mas o câmbio desfavorável adiou os planos em pelo menos um ano. A empresa acredita que 120 000 reais seria o valor ideal para o produto. Por ora, não há como oferecê-lo por menos de 170 000 reais.

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O rejuvenescimento da marca é a base de um plano de reestruturação anunciado em fevereiro pelo CEO alemão Jochen Zeitz, que também é ativista ambiental, colecionador de arte africana e autor de um guia sobre capitalismo sustentável. Zeitz foi contratado após realizar com sucesso um trabalho semelhante na Puma, que passou de fornecedora de material esportivo decadente a grife de moda moderninha.

Na Harley, Zeitz segue receita similar. Cortou 14% da força de trabalho, reduziu a produção pela metade e priorizou os modelos com maior margem de lucro. No Brasil, a moto mais barata, a Fat Bob, custa 98 000 reais, o dobro da tradicional linha Sportster, que foi descontinuada. A meta é consolidar a Harley como uma marca sintonizada com os novos tempos. Ser sustentável é um caminho sem volta, mas tem seu preço.

Publicado em VEJA de 26 de maio de 2021, edição nº 2739

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