Haddad diz que resultado fiscal é trabalho de parceria entre os poderes
Ministro defende déficit zero enquanto Lula diz que meta não deve ser cumprida; Fazenda negocia medidas com Congresso e STF para aumentar arrecadação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o resultado fiscal do país “não depende do desejo do presidente da República” nem “vem da cabeça do ministro”, mas sim de um trabalho de parceria do governo. Haddad defendeu uma harmonia entre os poderes para que seja cumprido o objetivo de zerar o déficit fiscal no próximo ano.
“Não falo isso para provocar, mas é preciso de parceria entre os Três Poderes. O Judiciário tem que entender o impacto de suas decisões, assim como o Executivo e o Legislativo. É preciso dar transparência aos números para que não seja tomada uma decisão errada. Quanto mais informada a sociedade estiver, incluindo os governadores, melhor a qualidade da decisão tomada e menor o risco à frente”, disse o ministro durante um evento do BTG Pactual, em São Paulo.
Haddad e o governo vêm negociando com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional medidas para tornar viável a meta de zerar o déficit fiscal no próximo ano. “Estamos fazendo o certo do ponto de vista fiscal”, afirmou o ministro, argumentando que a queda da inflação neste ano não é fruto de medidas tomadas para reduzir preços artificialmente, como o corte de impostos sobre os combustíveis no passado. “Estava rodando em torno de 10%. Agora está em menos da metade e não está sendo baixada na marra”, disse.
O debate sobre a meta fiscal gerou estresse no mercado financeiro após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar, no fim do mês passado, que a meta para 2024 dificilmente será cumprida. O governo teme contingenciamentos de gastos em ano de eleições municipais. Enquanto Haddad tenta aumentar a arrecadação, o governo sinaliza para mais gastos, em especial em obras.