Guedes comemora redução do IPI: ‘Vamos reindustrializar o país’
“Vamos cumprir a promessa de que excesso de arrecadação vai ser usado para reduzir impostos”, escreveu o ministro
O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou a madrugada de sexta para sábado para comemorar o decreto do presidente Jair Bolsonaro que reduz em 25% as alíquotas do Imposto sobre Produto Industrializado, o IPI, baixado durante a semana. De acordo com o texto, a redução é de 25% para quase todos os setores. Para alguns veículos, a queda na alíquota é de 18,75%. Produtos que contenham tabaco, como cigarros, ficaram de fora da benesse tributária. Guedes disparou mensagens a secretários e empresários comemorando a decisão, mensagens às quais VEJA teve acesso. “Vamos cumprir a promessa de que o excesso de arrecadação vai ser usado para reduzir impostos”, escreveu o ministro. “Com o enorme aumento da arrecadação, vamos reindustrializar o país, investindo pequena parte do superávit de janeiro”, disse ele.
Segundo as contas do ministro, a renúncia fiscal será de cerca de 10 bilhões de reais por parte da União e de outros 10 bilhões de reais por parte de estados e municípios. Segundo o ministro, é um investimento inteligente para fomentar a reindustrialização — mas não sem críticas por parte de opositores. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), subiu o tom contra a decisão do governo, alegando que a redução do IPI atinge em cheio a Zona Franca de Manaus e afirma que havia um compromisso de Guedes de garantir excepcionalidade produtos da região. “Toda a indústria do Brasil está em risco, à medida em que diversos setores perderão competitividade para a China”, disse o deputado. “Com essa medida, para fazer demagogia fiscal, para fazer populismo eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro está transferindo empregos dos brasileiros para a China”, afirmou.
Segundo o deputado, Bolsonaro comete crime eleitoral ao baixar o decreto. Em uma publicação no Twitter anterior ao decreto, Ramos escreveu que entraria com uma ação contra o presidente se o ato fosse baixado. A VEJA, ele afirmou que reuniria a bancada no sábado, 26, para definir os próximos passos de uma representação contra o presidente da República. “A lei impede a concessão de benefícios em ano eleitoral. Nós vamos denunciar essa medida e tomar providências para que empregos de amazonenses e brasileiros não sejam vitimados pela demagogia eleitoral”. Vale lembrar que enquanto muda o IPI na canetada, o governo patina há anos para conseguir aprovar uma reforma tributária. A PEC 110, que teve relatório apresentado nesta semana na CCJ do Senado, trata de simplificação tributária no setor de consumo.
A redução da alíquota é uma tentativa do governo Bolsonaro de estimular a economia, que tem estimativa de crescer pífio 0,30% em 2022. Com lentidão da retomada, taxas de juros altas e inflação elevada, Guedes — a pedido de Bolsonaro — passou a abrir a caixa de ferramentas com medidas com foco na agenda eleitoral. Além do IPI, o governo estuda liberar mais uma rodada de saque do FGTS (como fez em 2019 e 2020) e recriar um programa de crédito para pequenas empresas.