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Fundador do iFood, Patrick Sigrist estimula ‘dolarização’ do brasileiro

Empresário se uniu a dois sócios para colocar de pé um novo banco digital para os brasileiros; ideia não é enfrentar competidores locais

Por Felipe Mendes Atualizado em 25 mar 2021, 21h53 - Publicado em 15 fev 2021, 17h37

Uma das mentes por trás da criação da plataforma de entregas iFood, o empresário Patrick Sigrist encontrou um novo negócio em facilitar a vida daqueles que querem dolarizar seus ativos e fugirem das altas taxas do mercado. Para isso, ele fundou, ao lado dos sócios Marcos Nader e Eduardo Haber, o banco digital Nomad, que elimina as burocracias para brasileiros que querem ter uma conta corrente nos Estados Unidos. Criado em 2019, o negócio vem ganhando escala: com mais de 20 mil contas administradas, a fintech levantou 30 milhões de reais em uma rodada de investimento liderada pela gestora brasileira Monashees em dezembro. Com os novos recursos, a empresa tem como objetivo ser mais que uma conta digital e vai desenvolver carteiras de investimento diversificadas para seus clientes.

A ideia do negócio veio a partir de alguns encontros entre os três sócios enquanto moravam em Palo Alto, na Califórnia, num dos metros quadrados mais caros dos Estados Unidos. “A gente observava os problemas que os estrangeiros tinham no país. É difícil abrir uma conta corrente para poder transacionar com outros países. Você precisa ser um cidadão americano, com documento ou endereço de lá”, relembra. Assim, Sigrist promete facilitar a vida dos brasileiros que pretendem investir na moeda americana ou, simplesmente, abrir uma conta para efetuar transações. “É para os interessados em colocar seu patrimônio em uma moeda forte e ter uma rentabilidade em cima disso também. Existe uma tendência de mais pessoas quererem dolarizar o patrimônio.”

Os sócios começaram o projeto com 2,5 milhões de dólares (a maior parte por meio de capital próprio), mas já levantaram outros 30 milhões de reais com fundos de investimento. A fintech pretende atrair novos recursos até o fim de 2021. “É uma luta grande. Infelizmente, se gasta muito dinheiro para construir um negócio, principalmente no mundo financeiro”, diz Sigrist, que é investidor de outro banco digital brasileiro, o Neon, voltado para popularizar os serviços financeiros. “Vamos usar os recursos captados para avançar os investimentos. Estamos criando carteiras temáticas, envolvendo empresas que estejam preocupadas com sustentabilidade e tecnologia, por exemplo. Vamos oferecer diferentes opções de rentabilidade para o cliente.”

Em um cenário com o dólar cotado acima dos 5 reais, mais brasileiros estão interessados em abrir conta corrente nos Estados Unidos para se proteger da desvalorização cambial, investir e receber por serviços prestados a empresas de outros países. “O Nomad olha para a pessoa que estuda fora, faz MBA, cursa uma universidade, ou presta serviços como freelancers”, diz Sigrist. Ele afirma, ainda, que seu objetivo não é disputar o mercado de varejo brasileiro. “Estamos visando um outro tipo de mercado. Os bancos brasileiros atendem bem os seus clientes, mas eles não têm o interesse nessa mobilidade financeira.” A fintech tem sofrido assédio de outros bancos interessados em uma fusão ou aquisição, mas Sigrist afirma descartar a possibilidade. “Podemos até aceitar fazer parcerias, mas não temos interesse em vender o negócio”, diz ele.

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