FMI desmente negociação de programa de apoio financeiro à Venezuela
Conversa telefônica entre empresário e ex-ministro do Planejamento, opositores do presidente Nicolás Maduro, cita suposto plano de aporte de até 50 bilhões de dólares
O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta quarta-feira que não há negociações sobre um programa de apoio financeiro para a Venezuela, em resposta aos rumores de que a instituição estaria elaborando, com o suporte de opositores do presidente Nicolás Maduro, um plano de ajuste econômico para o país.
“O FMI não está negociando um programa de apoio financeiro para a Venezuela com ninguém”, ressaltou à agência EFE um porta-voz do órgão, que pediu anonimato, ao lembrar que esse tipo de auxílio só é dado se for solicitado pelo governo do país em questão.
A imprensa venezuelana divulgou uma conversa telefônica que teria ocorrido entre o ex-ministro do Planejamento, Ricardo Hausmann, e o empresário Lorenzo Mendoza. “Estive conversando com o FMI, o vice-presidente para o Hemisfério Ocidental é meu amigo há muitos anos. Ele anda muito preocupado com a Venezuela porque acredita que em algum momento a situação, que é muito ruim, vai afetá-los”, afirma a voz atribuída ao ex-ministro venezuelano, garantindo que a única maneira de a comunidade internacional coordenar uma ajuda econômica para os países é por meio do FMI. No caso da Venezuela, as negociações falavam sobre um pacote de até 50 bilhões de dólares.
Hausmann, atual diretor do Centro para o Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, disse a Mendoza que “não é possível pensar em uma saída para a Venezuela sem uma ajuda substancial internacional”, em referência à crise no país. O Fundo prevê uma contração de 10% da economia do país em 2015 e uma inflação acima de 160%.
Nesta terça-feira, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, pediu aos parlamentares governistas que apresentem denúncias contra Mendoza, presidente da empresa alimentícia Polar, pela suposta negociação para obter recursos da FMI.
A Venezuela, sob o comando do ex-presidente Hugo Chávez, ordenou em 2007 que o país se retirasse do FMI e do Banco Mundial. Por isso, desde então, não há relações formais entre o governo e os órgãos financeiros internacionais.
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(Com EFE)