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Ferida pela Lava Jato, Odebrecht lança a ‘operação recomeço’

Para tentar sobreviver, a companhia entra com o maior pedido de recuperação judicial da história brasileira, quatro anos depois da prisão de seu presidente

Por Victor Irajá
Atualizado em 25 jun 2019, 16h57 - Publicado em 21 jun 2019, 07h00

A Odebrecht já foi a maior construtora do país. Em seu auge, chegou a participar da reforma ou construção de quatro dos doze estádios da Copa de 2014 — para não falar de uma série de obras de infraestrutura, não só aqui como também no exterior. O sucesso da empreiteira permitiu que o grupo abrisse oito subsidiárias para atuar em setores tão díspares como a produção de etanol e a extração de petróleo. Juntas, as companhias tiveram um faturamento de 132 bilhões de reais em 2015.

A Operação Lava-Jato, como se sabe, abateu o conglomerado exatamente naquele momento. Seu então presidente, Marcelo Odebrecht — neto de Norberto, fundador da empresa —, foi preso sob a acusação de comandar um esquema de pagamento de propinas a políticos — e seu império entrou em declínio. A derrocada ganhou um novo e duro capítulo na segunda-feira 17. Com dívida total de 98,5 bilhões de reais, o grupo ingressou com o maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil, por meio do qual pretende renegociar 51 bilhões de reais de tudo o que deve (parte dos créditos será sanada fora dos tribunais).

Os executivos da companhia tentaram evitar o pedido de recuperação judicial. Tinham motivos para isso. Eles temiam que a notícia depreciasse ainda mais o valor da marca da família que empresta seu nome ao conglomerado. Seus maiores credores, principalmente os bancos privados Bradesco, Santander e Itaú e os públicos BNDES e Banco do Brasil, concordavam em buscar uma alternativa fora dos tribunais. A Caixa, no entanto, era a única entre seus pares que não tinha como garantia ações da petroquímica Braskem, subsidiária da Odebrecht. A empresa é a mais saudável do grupo, terminou o primeiro trimestre de 2019 com lucro de 1,02 bilhão de reais e estava em vias de ser vendida para o conglomerado holandês LyondellBasell, o que tranquilizava as instituições financeiras. A desistência dos europeus, anunciada no início do mês, frustrou a todos, e a Caixa perdeu a paciência: executou o pagamento de créditos de 650 milhões de reais para a construção da Arena Corinthians, em Itaquera, na capital paulista, e deixou a Odebrecht sem saída a não ser a recuperação judicial.

A medida representa mais uma tentativa de recomeço do grupo. Sob o comando de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, a companhia já vinha procurando restabelecer a confiança perante os investidores e a população, após o baque da Lava-Jato (na terça-feira 18, o TCU bloqueou 1,1 bilhão de reais em bens dos dois). Em abril, a Odebrecht fez uma renovação de sua identidade visual e mudou nomes maculados pelos escândalos. O vermelho e o branco que davam cor ao logotipo original foram substituídos por tons verdes, azuis e laranja, a fim de descolorir da lembrança os mais de 3 bilhões de reais pagos em propina em mais de uma dúzia de nações, segundo dados da Transparência Internacional. A subsidiária de construção, chamada Odebrecht Engenharia & Construção, passou a ser apresentada como OEC, enquanto a Odebrecht Óleo e Gás foi rebatizada de Ocyan.

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Os bancos estão otimistas com a possibilidade de que, após ser dragada pela Operação Lava-Jato, a Odebrecht consiga reequilibrar as finanças — justamente porque pediu arrego numa etapa do processo em que ainda tem ativos rentáveis para sair do vermelho. A esta altura, para o conglomerado, isso não é pouco.

Publicado em VEJA de 26 de junho de 2019, edição nº 2640

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