Faltam condições para investir em obras, dizem especialistas
Segundo o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, a falta de planejamento atrapalha mapeamento das necessidades; debate reuniu agentes públicos e privados
Dinheiro pode ser um dos desafios para que obras públicas sejam feitas no país. Mas a principal dificuldade na infraestrutura das cidades é a falta de condições para que as obras aconteçam. Esta é a conclusão do debate sobre o tema realizado pela revista EXAME, da Abril, que edita VEJA, realizado na tarde desta sexta-feira.
Segundo o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, um problema que a pasta detectou é que, por causa da baixa qualidade dos projetos, o governo encontra dificuldades para mapear as necessidades dos municípios. Em termos de saneamento básico, por exemplo, os que mais demandaram recursos do programa Avançar, do governo federal, estão em locais diferentes de onde o problema é mais crítico. Isso indica dificuldades das cidades na elaboração dos planos. “A maior parte dos municípios que enviaram são da região Sul e Sudeste, e a maior dificuldade está nos do Norte e do Nordeste. Precisamos atentar também para darmos auxílio em projeto”, disse.
Para o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, a quantidade de recursos disponíveis não é um problema, pois o BNDES e o governo têm recursos. Quando não houver capacidade desses agentes, o setor privado tem interesse em investir, se tiver as condições necessárias. “Se tem algo que funciona no país é o setor habitacional, e porque ele está no setor privado. Esse setor tem interesse em aportar recursos em bons projetos. O grande desafio é saber onde estão os bons projetos em portos, aeroportos. As possibilidades são imensas”, avaliou.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins, destaca entre as dificuldades a insegurança jurídica. “O grau [de insegurança jurídica] que se criou no Brasil é absurdo. Parece que foi feito em um modelo para as coisas não acontecerem. Preocupa-se mais com a forma do que com o conteúdo”, disse.
O prefeito da cidade de Santos (SP), Paulo Barbosa, afirmou que, apesar de seu município não estar com problemas na capacidade de endividamento, a falta de dinheiro tem sido um problema relatado por seus colegas. Além da falta de recursos ser um dos fatores que atrasam obras, não há preocupação com continuidade. “Ainda não há uma cultura no Brasil de que, se houve troca do gestor, o que é bom deve continuar. Os projetos de infraestrutura não são de 4 anos, nem de 8 anos. São de décadas”, compara.