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Estreia de empresas na bolsa é a maior desde 2013

A melhora de perspectivas, com inflação e juros menores, e valorização das ações das empresas no mercado motiva empresas a abrirem seu capital

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 abr 2017, 08h01 - Publicado em 14 abr 2017, 08h01

A estreia da Azul na bolsa de valores na última terça-feira foi a maior abertura de capital desde 2013. A companhia se tornou a segunda maior do seu segmento em valor de mercado na América Latina – superando a Gol, que tem quase o dobro da sua participação no transporte aéreo.

O mercado de ações dá sinais de retomada com mais empresas querendo abrir capital. Apostar na estreia de uma companhia pode render fortunas, mas só boas perspectivas não garantem sucesso futuro.

Levantamento da consultoria Economatica, exclusivo para VEJA, mostra que de 55 aberturas de capitais na última década – os chamados IPO’s – 24 tiveram valorização maior que o índice Bovespa. Outras 21 tiveram desempenho pior.

Investir nesse mercado exige conhecimento sobre negócios e envolve riscos. Quem comprou 100 reais em ações da farmacêutica Hypermarcas em seu lançamento, em 2008, poderia vender os papéis hoje por 363,20. Já quem apostou no mesmo ano na petrolífera OGX, de Eike Batista, teria em mãos apenas 0,32 centavos. “Durante um período muito longo, muita gente acreditava que comprar no IPO era um lucro certo”, diz  Pedro Afonso, chefe de operações da Corretora Gradual.

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A estreia de companhias brasileiras na B3 (antiga Bovespa), é a maior desde 2013, quando ocorreram dez IPOs. Três empresas já abriram capital no primeiro trimestre deste ano. Esse número já iguala o total de ofertas feitas em 2014, 2015 e 2016 somados, que contaram com apenas uma oferta em cada ano. 

Esse movimento pode ser explicado pela retomada da confiança nas perspectivas para o futuro da economia do país – apesar de números ainda bastante fracos ou negativos. Entre os fatores apontados por especialistas para empresas entrarem na Bolsa estão a redução das incertezas, a retomada de fôlego na bolsa de valores e a falta de perspectivas muito atrativas no mercado externo.

A decisão de abrir o capital significa que a empresa será dividida em ações – ou seja, em papéis que dão ao seu proprietário uma parcela da companhia. Quando a empresa faz uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês), significa que ela colocou esses papéis em livre negociação no mercado – no caso do Brasil, na B3.

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Há mais de um motivo para fazer uma empresa abrir seu capital, como melhorar sua gestão – pois as exigências regulatórias aumentam -, melhorar a prestação de contas a credores ou reorganizar sua estrutura. Mas a principal motivação é conseguir dinheiro através da venda de suas ações. “É uma forma de financiamento, em uma leitura mais clássica”, explica Afonso. O fato de os juros bancários serem altos no Brasil tem mais efeitos para os cidadãos que para empresas, pois as grandes normalmente têm linhas de créditos mais baratas.

Apenas nos primeiros meses deste ano, três companhias  já tocaram o sino de abertura do pregão (Movida, Hermes Pardini e Azul). E mais outra, a Log, já deu início ao processo no órgão que regula o setor, a Comissão de Valores Imobiliários (CVM). Há também quem já declarou publicamente a intenção (XP Investimentos) ou que estava para abrir e recuou (Unidas). A Netshoes também fez sua estreia, mas no mercado americano.

Mais que 2014, 2015 e 2016 juntos

O total de empresas entrando na bolsa no trimestre é pequeno comparado às nove ofertas vistas no primeiro trimestre de 2007 – naquele ano, foram 64 IPOs, um recorde. Mas já demonstra maior apetite pela abertura capital que nos últimos três anos.

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Para Leandro Miranda, diretor Gerente do Bradesco BBI, mesmo com o número ainda baixo, a quantidade de consultas de interessadas no processo indica o bom momento. “Nós temos no momento mais de trinta conversas ativas com empresas que estão pensando em fazer IPO. O mercado está aquecido”, avalia.

O Bradesco BBI foi coordenador líder da oferta da Movida, que estreou no dia 6 de fevereiro, e como coordenador da Hermes Pardini, no dia 10. Miranda avalia que, além da melhora das perspectivas da economia com o controle de gastos do governo e redução na inflação e nos juros, a competição por recursos estrangeiros favorece o Brasil por não haver concorrentes com perspectivas de ganho que sejam muito mais atraentes. “Não tem nenhum emergente roubando a atenção dos investidores estrangeiros, como China, Turquia e México”, diz.

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Crise

Segundo Eduardo Miras, co-responsável pelo banco de investimentos do Morgan Stanley no país, o fato de uma companhia ter passado pela crise com bons resultados torna-a mais atrativa em um momento de abertura. E há a recuperação da atividade na bolsa de valores: seu principal índice se valorizou 66,9% desde janeiro de 2016, quando igualou números da crise de 2009. Isso também torna o mercado mais aberto para quem pretenda estrear. “Se os investidores ganharam dinheiro no ano passado, eles se sentem mais confortáveis em buscar novas oportunidades de negócio. Investidor busca no IPO empresa com história de sucesso, mesmo num ambiente econômico desafiador”, compara.

Procurada, a Log disse que não poderiam se manifestar por estarem em meio ao processo. A CVM tem regras rígidas em relação a divulgações feitas por empresas de capital aberto, para tentar evitar que alguém com informações privilegiadas ganhe dinheiro negociando as ações dessas companhias.

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