MADRI, 9 Abr (Reuters) – A Espanha estuda cobrar a assistência médica dos ricos enquanto reforma seu sistema de saúde pública, que tem elevada reputação mas está profundamente endividado, disse nesta segunda-feira o ministro da Economia do país, Luis de Guindos, em meio ao desafio espanhol para mostrar que pode controlar gastos.
Em uma série de entrevistas para a mídia internacional na semana passada, De Guindos destacou o compromisso da endividada Espanha em fazer reformas, já que a quarta maior economia da zona do euro tenta convencer os mercados de que pode evitar um resgate que a região pode não ser capaz de bancar.
O próximo setor na agenda de reformas é o sistema de saúde, que tem 15 bilhões de euros em dívidas. Medidas podem ser aprovadas até maio, de acordo com veículos de comunicação locais.
“Nós precisamos cortar gastos desnecessários, racionalizar áreas que não estão funcionando bem, porque se não o fizermos, não garantiremos a sustentabilidade do sistema”, disse De Guindos em uma entrevista à emissora de rádio SER.
As 17 comunidades autônomas da Espanha controlam seus orçamentos de saúde e de educação e gastaram muito em 2011. Reformas nessas duas áreas são vistas como fundamentais para melhorar a posição fiscal do país.
Os gastos do setor de saúde pública na Espanha eram de 3.067 dólares per capita, abaixo da média de 3.361 dólares per capita registrada pelo grupo de nações que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo dados de 2009, os mais recentes disponíveis.
Mas medidas de cortes de custos podem ser encontradas, disse o ministro, apontando os ricos como uma possível parte da solução.
“Nós precisamos abrir o debate no governo central e entre as comunidades sobre se o serviço de saúde deve ser de graça para alguém que ganha 100 mil euros”, disse De Guindos.
O ministro destacou, no entanto, que os serviços básicos devem ser mantidos no sistema.
(Reportagem de Nigel Davies)