Por Alejandro Lifschitz e Guido Nejamkis
BUENOS AIRES, 3 Mai (Reuters) – A nova empresa pública de energia da província argentina de Neuquén, que detém importantes reservas energéticas, prepara a abertura do seu capital para financiar ambiciosos planos de investimentos, disse na quinta-feira o ministro local de Energia, Guillermo Coco.
A descoberta de jazidas potenciais de hidrocarbonetos de xisto de até 22,8 bilhões de barris colocou a desolada província patagônica no mapa global de energia, e as autoridades locais não querem perder a chance de participar da sua exploração.
Mas a decisão de lançar ações da empresa pública GyP-NQN (Gás e Petróleo do Neuquén) ocorre num momento de grande preocupação dos investidores por causa da decisão do governo nacional argentino de nacionalizar a ex-estatal YPF, que estava controlada pela espanhola Repsol.
Por telefone, Coco disse que a GyP pretende lançar ações dentro de aproximadamente dois meses na Bolsa de Buenos Aires.
“Aí a ideia é ir para a Bolsa em Toronto – almejamos fazer isso quatro meses depois de Buenos Aires -, e então finalmente podemos listar em Nova York.”
Ele não revelou quanto capital a empresa provincial pretende arrecadar com as ações, mas disse que o governo local manterá o controle acionário. Atualmente, a empresa pertence integralmente à província, que é governada por um aliado da presidente Cristina Kirchner.
Dois meses antes da nacionalização da YPF, a Repsol estimou que a exploração do campo de Vaca Muerta, uma área de cerca de 30 mil quilômetros quadrados, poderia custar 25 bilhões de dólares por ano.
Estima-se que o campo seja capaz de duplicar a produção argentina de gás e petróleo dentro de uma década.
Empresas estrangeiras como ExxonMobil, EOG Resources e Apache já obtiveram concessões na área, mas uma grande parte está em poder da YPF.
A GyP-NQN foi criada há três anos e tem planos para investir 2,5 bilhões de dólares até 2016, segundo Coco. Ao final desse prazo, a província pretende começar a explorar pelo menos dois campos de petróleo e gás de xisto.
PETROBRAS
O governador de Neuquén, Jorge Sapag, mantém relações relativamente harmoniosas com empresas energéticas estrangeiras. Mas, a exemplo de outros governos provinciais, cancelou recentemente concessões dessas companhias alegando falta de investimentos, o que afetou inclusive a brasileira Petrobras.
Coco defendeu a decisão de rescindir a concessão da Petrobras em Veta Escondida.
A província também cancelou concessões em áreas de Covunco Norte e Fortin de Piedras.
“Não vamos devolvê-las”, disse. “Não foi uma decisão arbitrária, nem foi tomada sob um ponto de vista unilateral ou político.”