Por Vladimir Soldatkin e Melissa Akin
MOSCOU, 25 Abr (Reuters) – A italiana Eni e a russa Rosneft assinaram nesta quarta-feira, na presença do primeiro-minitro da Rússia, Vladimir Putin, um acordo para explorar campos de petróleo em conjunto no Mar de Barents e no Mar Negro, no segundo acordo marítimo da Rosneft no Ártico em duas semanas.
O acordo para explorar petróleo no Ártico russo pode não render produção de petróleo comercial por anos, mas para a Eni garante uma posição segura em uma nova província estrategicamente importante.
E, para a Rússia, traz capital necessário para projetos de longo prazo, para manter o fluxo do petróleo.
A Rússia, maior produtor mundial de petróleo, está enfrentando uma queda da produção em campos da era soviética e, dependente de energia para metade de sua receita, o governo de Putin redobrou esforços para trazer investimentos externos em seus últimos dias como primeiro-ministro, antes de voltar à presidência russa.
Nas seis semanas desde que venceu as eleições presidenciais, Putin aprovou isenções fiscais para atrair investidores estrangeiros para desenvolver novos campos marítimos, e presidiu um acordo de perfuração no Ártico, entre a Rosneft e norte-americana ExxonMobil.
A Eni, que possuía relações comerciais com a indústria de energia soviética e começou a produz gás no país na semana passada, em uma joint venture com duas companhias russas, disse que “projetos gigantes” na Rússia são chaves para os planos de impulsionar a produção.
“Hoje a Eni está seguindo em frente para trabalhar na Rússia em nova qualidade. Estamos falando sobre trabalho na plataforma continental. Esta é uma operação de larga escala e longo prazo”, disse Putin na cerimônia de assinatura do acordo.
“Estou certo de que esses projetos marítimos serão bem-sucedidos, e o governo russo fará tudo que puder para dar suporte a esses tipos de projeto.”
O acordo é modelado no pacto Exxon-Rosneft, com a Eni tomando uma parcela minoritária de 33 por cento na exploração e assumindo custos iniciais de investimento, para desenvolver recursos recuperáveis estimados em 36 bilhões de barris.
A Rosneft ganhará acesso aos projetos da Eni fora da Rússia –parte da estratégia do Kremlin para expandir a indústria de petróleo do país no exterior e ganhar know-how a ser aplicado em projetos internos.
O prêmio para empresas estrangeiras é o acesso às reservas. Com 18 bilhões de barris, as reservas da Rosneft são as maiores de empresas listadas e são suficientes para sustentar sua taxa atual de produção de petróleo por 21 anos.
Porém, estima seus “recursos” de hidrocarbonetos –que ainda precisam ser explorados e avaliados– acima de 206 bilhões de barris.
Isso faria os recursos marítimos da Rosneft ficarem acima dos bilhões de barris detidos na camada do pré-sal no Brasil, uma mina de ouro para a Petrobras.
(Reportagem adicional de Stephen Jewkes em Milão)