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Energia elétrica e combustíveis pressionaram inflação de julho

A inflação voltou a subir em julho, após a primeira queda nos preços em 11 anos registrada em junho; segundo analistas, alta se deve a fatores pontuais

Por Da redação
9 ago 2017, 12h46

Apesar do patamar de inflação em um ano ser o mais baixo desde 1999 – e abaixo do piso da meta para este ano – os preços voltaram a subir em julho. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta média de 0,24% no último mês, segundo divulgou o IBGE nesta quarta-feira. A alta ocorreu após  uma queda de 0,23% em junho, a primeira em 11 anos. Segundo especialistas, o resultado é decorrente de itens pontuais, e não de aumento significativo na demanda por produtos.

A alta na inflação no mês foi puxada pelo aumento dos preços da energia elétrica (impacto de 0,20 ponto porcentual) e dos combustíveis (0,04 p.p). Sem os reajustes provocados pela vigência da bandeira tarifária amarela e o aumento do PIS/Cofins sobre etanol, gasolina e diesel, os preços em julho seriam, em média, similares aos de junho. “Houve pequenas quedas em itens, como vestuário, que foram compensados por pequenos aumentos em outros itens”, explica Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE.

No sentido inverso, o principal fator que puxou os preços para baixo no mês foi o grupo alimentação, que registrou baixa de 0,12% e causou impacto de -0,25 ponto porcentual. Estes itens correspondem a um quarto do gasto mensal dos brasileiros.

Para  o diretor de macroeconomia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), José Ronaldo Souza Júnior, o movimento é explicado pela maior oferta de gêneros alimentícios. “Isso é por causa da safra agrícola, que foi muito boa”, explica.

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Segundo ele, o conjunto dos números indica que a economia pode estar sem crescimento ou com um crescimento moderado, pois a ociosidade e o desemprego altos permitem aumento de produção sem aumento nos preços.

Para a professora de macroeconomia do Insper, Juliana Inhasz, a deflação nos alimentos pode até ser uma má notícia, dada a atividade fraca na economia. Isso porque é possível que a queda nos preços – mesmo com a alta dos combustíveis e da energia elétrica pressionando para que subissem – sinalize uma queda de demanda. “Provavelmente, as pessoas continuam consumindo, mas estão substituindo itens, diminuindo a qualidade e reduzindo a quantidade”, avalia.

Como não há pressão de demanda, é possível que a equipe econômica aproveite a oportunidade para subir tributos que causem inflação. A alta do PIS/Cofins, no final do mês, tem potencial de encarecer outras coisas, mas seu impacto direto ainda não totalmente captado. “Se o governo tiver que dar aumento para itens que geram impacto na inflação, o momento é agora”, avalia Souza Júnior.

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