Em semana de Copom, mercado aponta novos aumentos para a Selic
De acordo com analistas ouvidos pelo Banco Central, taxa básica de juros deve chegar a 8,25% neste ano e 8,5%, no próximo, com pressão inflacionária
Nesta semana, o Conselho de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir sobre a taxa básica de juros, a Selic, e a aposta do mercado é que a quarta alta consecutiva vem aí, como resposta a pressão inflacionária. De acordo com analistas ouvidos pelo Banco Central, o mercado vê o movimento de elevação da Selic tanto neste ano quanto no próximo, com a taxa a 8,25% e 8,50% ao ano, respectivamente. Os dados são do Boletim Focus, divulgados nesta segunda-feira, 20.
Vale lembrar que a Selic iniciou o ano em 2%, após um movimento de quedas consecutivas na taxa que vinha desde 2015. Com a inflação persistente, o BC passou a elevar os juros, como resposta a alta dos preços. Com a taxa de juros mais alta, o crédito fica mais caro e o consumo desestimulado.
A aposta do mercado para a alta dos juros está justamente na inflação. Para este ano, os analistas apontam que o IPCA deve bater 8,35%, a vigésima quarta alta semanal consecutiva e maior que os 7,9% projetados pelo Ministério da Economia no fim da semana passada na alta da inflação. A projeção desta semana, mais uma vez, está bem acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, que buscava 3,75% no ano, com margem de tolerância até 5,25%. Nos últimos 12 meses terminados em agosto, o índice acumula alta de 9,68%, segundo o IBGE.
Para 2022, o mercado vê a inflação em 4,10%, nona elevação seguida, acima da meta de 3,50%, mas dentro do teto, que vai até 5%. Dólar alto, e pressão dos combustíveis, energia elétrica e alimentos promovem efeito geral nos preços e no orçamento das famílias.
PIB
A inflação e os juros mais altos vêm justamente em um momento de recuperação econômica, após o choque sofrido no primeiro ano da pandemia. A projeção dos analistas ouvidos pelo Banco Central é que o Produto Interno Bruto cresça 5,04% este ano, estimativa estável em relação da semana passada. A projeção, entretanto, é menor que os 5,27% em relação ao mês anterior. Para o próximo ano, o mercado rebaixou a estimativa de crescimento, de 1,72% para 1,63%.
No segundo trimestre do ano, o PIB estagnou, com ligeiro recuo de 0,1% no período. O dado foi resultado de problemas de estiagem afetando o agro e de falta de suprimentos causando queda na indústria, e os serviços, que tiveram recuperação mais lenta do que a esperada, apesar do avanço da vacinação. Com a instabilidade política, clima eleitoral, problemas fiscais e a taxa de juros mais alta, a recuperação econômica projetada no cenário pós-pandemia fica cada vez mais tímida.