Em cúpula, Obama prega união de G8 diante de Irã e Síria
Crise econômica e políticas de austeridade também estão na pauta do encontro
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste sábado que o G8 está “unido” em torno da abordagem a ser adotada frente ao polêmico programa nuclear iraniano e pediu o rápido início de um processo político na Síria, na abertura dos trabalhos do segundo dia da cúpula de Camp David.
“Estamos unidos em nossa abordagem do Irã. Acredito que todos nós concordamos com o fato de que o país tem direito a um (programa) nuclear pacífico, mas que suas violações contínuas das normas internacionais e sua incapacidade de provar até aqui que não tenta militarizá-lo constituem uma grave fonte de preocupação para todos nós”, indicou Obama.
A poucos dias da retomada das negociações do Grupo dos Seis (EUA, França, Rússia, Reino Unido, China e Alemanha) com a República Islâmica em Bagdá, Obama afirmou que seus sócios estão esperançosos em relação a seus resultados.
“Estamos firmemente comprometidos em manter a política de sanções e pressões, junto de negociações diplomáticas. Esperamos poder resolver este problema de forma pacífica, respeitando a soberania do Irã e seus direitos na comunidade internacional, mas que (o Irã) reconheça também suas responsabilidades”, declarou Obama.
Síria – Em relação a outra fonte de grande preocupação no Oriente Médio, o presidente americano também frisou que o grupo quer que um processo político seja rapidamente iniciado na Síria, que é palco de um levante popular sem precedentes reprimido com violência pelo governo do presidente Bashar al-Assad.
“Acreditamos que uma solução pacífica e uma transição política são preferíveis na Síria. Estamos profundamente preocupados com a violência que tem sido registrada”, declarou também Obama. O presidente americano assegurou ainda que os membros do G8 apoiam o plano que o enviado da ONU à Síria, Kofi Annan, elaborou para por fim à violência nesse país.
“Mas concordamos, e espero que isto seja mencionado no comunicado final (da cúpula), que o plano deve ser inteiramente aplicado e que um processo político deve ser iniciado rapidamente para resolver este problema”, ressaltou.
Crise – Os membros do G8 vão debater ainda questões como a crise da dívida na Europa e a escolha que deve ser feita entre políticas de austeridade ou de crescimento.
Depois de ser recebido pela primeira vez na Casa Branca desde que assumiu o mandato na terça-feira, o presidente francês François Hollande afirmou que o colega americano tem uma “convergência” de pontos de vista com a França a favor de políticas públicas que promovam crescimento econômico.
Após a reunião bilateral com Hollande, Obama anunciou que durante a cúpula pedirá um “enfoque responsável da austeridade orçamentária, conjugado com medidas enérgicas para o crescimento”.
Em oposição ao rigor defendido pela chanceler alemã Angela Merkel, Hollande e o chefe de Governo italiano, Mario Monti, desejam orientar as políticas econômicas de seus países para um crescimento maior.
“Devemos buscar o crescimento, ao mesmo tempo que permanecemos no caminho para colocar nossas finanças públicas em ordem”, afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. “Estabilidade e crescimento caminham juntos, são os dois lados da mesma moeda”, completou.
Grécia – No momento em que a crise política na Grécia aumenta o temor do abandono do euro e do retorno do país ao dracma como moeda, Hollande destacou que ele e Obama têm a mesma convicção de que Atenas deve permanecer na zona do euro.
Desde que chegou ao poder em 2009, em plena crise econômica, e depois de ter promulgado um grande plano de ajuda, Obama pede aos europeus que trabalhem pelo crescimento, mas muitos se negaram, incluindo aliados como o primeiro-ministro britânico David Cameron.