Duas notícias que indicam a chegada de uma recessão para a economia alemã
Redução do fornecimento de gás natural e queda da expectativa de negócios aumentam os riscos de um cenário de queda econômica
A maior economia do continente europeu está em sinal de alerta. O pessimismo em relação aos próximos meses atingiu seu nível mais alto desde abril de 2020, no auge da pandemia, segundo pesquisas do Instituto Ifo, divulgado nesta segunda, 25. A inflação recorde e a perspectiva de continuidade da crise no fornecimento de energia levaram o indicador de expectativas de negócios a cair para 80,3 em julho, ante um total de 85,8 no mês passado. Para os padrões europeus, é uma queda significativa.
Dentro de um cenário já preocupante, também nesta segunda-feira, 25, a Gazprom, estatal russa de energia, anunciou a redução do fornecimento de gás natural à Alemanha, através do gasoduto Nord Stream 1. O anúncio veio em menos de uma semana depois da Rússia retomar os fluxos de fornecimento, após uma pausa para manutenção. Desde o estouro da guerra, os níveis de fornecimento já haviam sido reduzidos para 40% da capacidade, e, a partir de quarta-feira, ficará em 20%, por supostos problemas logísticos, especificamente em relação a um das grandes turbinas. O Ministério da Economia da Alemanha rejeitou o argumento da Gazprom e alega tentativa de Putin em punir a Europa por se opor à guerra na Ucrânia.
O movimento cai como uma bomba para o planejamento energético da Alemanha e do bloco europeu. A alta inflação de 8,2%, no acumulado em 12 meses até junho, vinha mostrando indícios de melhoras na quarta economia do mundo, considerando a queda em relação à inflação de 8,7% em maio. Com a crise no setor de energia, aumenta a pressão por uma escalada de preços, bem como o pessimismo nas economias do bloco europeu.
Em julho do ano passado, já como sinal da recuperação do auge da pandemia, o indicador de expectativias à economia alemã estava em 100.9. Para efeitos de comparação, estava em um nível superior a todos os meses do ano de 2019, antes da pandemia, sendo um forte indício de recuperação da saúde econômica do país. Agora, “a Alemanha está à beira de uma recessão”, mencionou o presidente do Instituto Ifo, Clemens Fuest.