Dona da Nextel recorre à lei americana para renegociar dívidas
NII Holdings solicitou a proteção do capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos. Dívidas da empresa chegam a US$ 5,8 bilhões
A NII Holdings, dona da operadora Nextel no Brasil, solicitou nesta segunda-feira a proteção do capítulo 11 da Lei de Falências americana para renegociar suas dívidas, que chegam a 5,8 bilhões de dólares. A lei permite que a companhia funcione normalmente, e tenha um tempo para chegar a um acordo com seus credores. Embora o procedimento, que seria próximo a um pedido de recuperação judicial no mercado brasileiro, não envolva diretamente a Nextel, a decisão reacende o debate sobre o destino da empresa. A companhia tem cerca de 4 milhões de clientes no país e faturou 376 milhões de reais no segundo trimestre – quase metade de toda a receita da NII.
A Nextel passou por uma mudança de trajetória ao longo dos últimos dois anos. A empresa, mais conhecida pelo serviço de rádio, está tentando modificar a sua oferta, focando principalmente na internet 3G. A companhia teria investido 500 milhões de reais, tanto em ampliação da rede quanto em marketing no ano de 2013. A expectativa dentro da Nextel é de ampliar esse investimento para até 1 bilhão de reais em 2015, caso a holding consiga alongar o perfil de seu endividamento.
O problema, segundo fontes de mercado, é que a empresa perdeu competitividade nos últimos anos. Com o serviço de rádio, a companhia concentrava sua clientela no setor corporativo. Desde 2009, quando a TIM começou a oferecer chamadas ilimitadas dentro de sua rede, seguida pelas demais operadoras, essa vantagem competitiva diminuiu.
Sem a vantagem competitiva dos tempos do rádio, a empresa se viu obrigada a brigar diretamente com as gigantes do mercado. Lançou com atraso o serviço de internet 3G e começou a oferecer o 4G em junho, apenas no Rio de Janeiro. A empresa agora aposta em ofertas agressivas – com comerciais que comparam seus preços aos das demais operadoras – para ampliar sua base de assinantes.
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Venda – Dentro da Nextel, executivos trabalham com a possibilidade da venda do negócio. Para especialistas no setor, essa é inclusive a saída mais provável dada a situação da NII. Mas, para que a Nextel não acabe entregue por um valor muito baixo, o melhor que a holding teria a fazer seria tentar melhorar suas margens no país, para que um concorrente esteja disposto a pagar mais pela operação.
É o que a Nextel vem tentando fazer. Depois de ver sua receita média por usuário cair 30% no segundo trimestre de 2014, em relação ao mesmo período do ano passado, a empresa diz esperar que a expansão de sua rede de internet reverta o quadro. A Nextel afirma que, desde que iniciou a oferta de 3G, há exatamente um ano, a receita média dos novos clientes já subiu aproximadamente 50%. A participação de mercado da empresa, no entanto, ainda é inferior a 0,5%.
(Com Estadão Conteúdo)