Dólar tem maior nível em mais de um mês com crise na Turquia
Moeda americana avançou 0,86% nesta segunda-feira, fechando a R$ 3,89 para venda; na máxima do dia, cotação atingiu R$ 3,93
O dólar fechou com alta firme e terminou no maior nível em mais de um mês, perto dos 3,90 reais, com a situação econômica da Turquia mantendo a aversão ao risco nos mercados globais, em especial nos de países emergentes.
O dólar avançou 0,86%, fechando em 3,8973 reais para a venda, maior preço desde os 3,9344 reais, em 5 de julho. Na sexta-feira, 10, a moeda já havia subido 1,59%. Na máxima desta segunda-feira, 13, chegou a 3,9297 reais e, na mínima, a 3,8782 reais. O dólar futuro avançava cerca de 1,1%.
“A preocupação se refere à exposição de bancos da zona do euro aos títulos turcos. Isso mesmo com o banco central turco estabelecendo medidas emergenciais”, afirmou, em relatório, o economista-chefe do Home Broker ModalMais, Alvaro Bandeira.
A lira turca registrou novamente forte baixa frente ao dólar nesse pregão, já tendo recuado mais de 40% neste ano, devido às preocupações com a influência do presidente turco, Tayyip Erdogan, sobre a economia, suas repetidas solicitações por taxas de juros mais baixas e o agravamento dos laços com os Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, 13, o banco central turco diminuiu as taxas de depósitos compulsórios para os bancos, além de se comprometer em fornecer liquidez necessária para as instituições financeiras e tomar todas as medidas necessárias para manter a estabilidade, mas o mercado seguia nervoso.
“Os investidores se preocupam com o eventual risco sistêmico, que pode deflagrar o contágio e uma consequente crise financeira”, escreveu o Banco Confidence em relatório.
O temor de que a crise turca pudesse se espalhar pelos países emergentes fez com que o dólar subisse frente às moedas desses países, com destaque para o rand sul-africano e o peso mexicano.
Efeito dominó
O peso argentino também despencou ante o dólar, influenciado não só pela situação da Turquia, como também por denúncias de corrupção envolvendo políticos e empresários, o que obrigou o Banco Central do país a elevar os juros a 45% nesta sessão — era 40% anteriormente.
“Não esperamos que a alta dos juros da Argentina seja o começo de uma série de aumentos de taxas dos bancos centrais de emergentes. A Argentina é um dos poucos emergentes que compartilham vulnerabilidades semelhantes à da Turquia”, escreveu o economista para mercados emergentes da empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics, Edward Glossop, em relatório.
Em relação ao real, houve ajuste de posições depois que a moeda americana bateu a máxima do dia, com alguns investidores vendendo e levando a divisa para a mínima, mas o movimento foi curto e logo ganhou tração novamente com a notícia da alta dos juros na Argentina.
Fonte do Ministério da Fazenda informou que o Brasil está pronto para atuar nos mercados financeiros em caso de excesso de volatilidade em razão da situação turca.
Com a agenda doméstica esvaziada, os investidores mantiveram o foco na cena eleitoral doméstica, nesta semana em que os postulantes à Presidência têm de registrar sua candidatura no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4.800 swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura da moeda americana, rolando 2,16 bilhões de dólares do total de 5,255 bilhões que vencem em setembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o fim do mês, terá feito a rolagem integral.
“Não acredito que o Banco Central vá intervir no câmbio por meio de novos leilões de swap. Trata-se de um movimento global, não de uma ação isolada e sem volume”, justificou o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer, ao comentar a alta do dólar de 3,75 reais no começo de agosto para 3,91 reais nessa sessão.