Dólar tem 6ª alta seguida e termina a R$ 3,53
Preocupações com perda do grau de investimento do país e também com um impeachment da presidente Dilma Rousseff reforçaram cautela do mercado
O dólar terminou em alta pelo sexto dia seguido nesta quinta-feira, ao avançar 1,39%, aos 3,53 reais. Nas últimas seis sessões, a moeda acumula valorização de 6,25%. Na máxima, a divisa chegou a bater 3,57 reais. A aversão ao risco, mais uma vez, ditou a tendência da moeda americana, que está sensível a solavancos diante do possível rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s e do cenário cada vez menos hipotético de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Entre as derrotas recentes sofridas pelo governo estão a perda de partidos aliados (PDT e PTB), a aprovação no Congresso de medidas que aumentam os gastos públicos – as chamadas “bombas fiscais” – e a crescente perda de popularidade da presidente Dilma Rousseff. A cada sinal de ameaça à governabilidade, o mercado redobra a cautela.
“Eles (Congresso) estão atropelando a Dilma”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. “Enquanto a situação estiver confusa, o dólar não vai parar de subir”, acrescentou Carvalho. “O cenário interno é o que está chamando atenção agora, mas no médio prazo, independentemente do que acontecer aqui, o dólar vai subir”, afirmou o operador de uma corretora internacional.
No início da tarde, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Mendes, afirmou que o nível atual de câmbio está muito acima do que seria explicado pelos fundamentos econômicos e que comprar dólares nos atuais patamares pode representar risco de perda no médio prazo. A fala do diretor não gerou reação significativa no mercado de câmbio, apesar de analistas verem nela um possível recado do BC antes da adoção de alguma medida para tentar conter a incessante alta da moeda americana.
Num levantamento da XP Investimentos, feito com 100 clientes institucionais, divulgado em 4 de agosto, 100% dos investidores consideravam alguma probabilidade de impeachment da presidente Dilma. No levantamento anterior, realizado em abril, esse porcentual era de 53%. Conforme pesquisa do Datafolha publicada nesta quinta-feira, a reprovação do governo Dilma atingiu 71%, patamar superior ao de Fernando Collor na época do impeachment.
A Bradesco Corretora elevou nesta manhã suas projeções para o câmbio no Brasil, estimando dólar a 3,60 reais no fim deste ano e 3,90 reais no fim de 2016, contra 3,25 e 3,40 reais, respectivamente. O Bank of America Merrill Lynch também revisou a perspectiva para o dólar a 3,80 reais no fim do ano e a 4,10 reais no fim de 2016, ante projeção anterior de 3,5 e 3,80 reais, respectivamente.
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Bolsa – A Bovespa fechou em queda nesta quinta-feira, com agentes financeiros apreensivos acerca do cenário político conturbado e instável, embora a recuperação dos papéis da Petrobras e da Vale tenha limitado a queda do principal índice da bolsa paulista. De acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 0,63%, a 49.971 pontos. O volume financeiro somava 6,3 bilhões de reais.
(Com Estadão Conteúdo)