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Dólar fecha em R$ 4,65 e Guedes comenta: “Se fizer bobagem, chega a R$ 5”

Em meio ao avanço de coronavírus no Brasil, ministro divaga sobre a influência do governo sobre o câmbio: 'Se fizer muita coisa certa, o dólar pode descer'

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h38 - Publicado em 5 mar 2020, 18h02

Nesta quinta-feira, 5, o dólar fechou o dia cotado a 4,65 reais, mais uma máxima histórica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuiu a alta da moeda aos patamares recentes aos efeitos do coronavírus, à desaceleração econômica e, claro, à imprensa. Ele também citou o que chamou de choque entre o Congresso e o presidente da República como um dos motivos e afirmou que se “muita besteira” for feita o dólar pode chegar ao patamar de 5 reais. “Se o presidente pedir para sair, se o presidente do Congresso pedir para sair. Se todo mundo pedir para sair… se todo mundo falar que… entende… se tiver… bom, às vezes eu faço algumas brincadeiras de professor e isso vira coisa errada”, divagou Guedes ao ser questionado sobre o risco de o dólar ir a 5 reais.

A moeda americana alcançou um novo recorde na esteira da divulgação de novos dados do coronavírus no Brasil. Agora são oito casos confirmados no país. Contudo, não é só isso o que explica tamanha deterioração. O real, numa cesta das 40 moedas mais importantes para o comércio global, é a que mais se desvalorizou no ano perante o dólar: 15,9%. A segunda na lista é o rand sulafricano, com depreciação de 11,5% desde o início de 2020.

“É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível. Se fizer muita coisa certa, ele pode descer”, completou Guedes. E ele tem razão. O Banco Central (BC) tem tentado controlar a volatilidade do dólar ao injetar, por meio de leilões da moeda americana, “verdinhas” no mercado. Com isso, dá tranquilidade aos investidores, mas está longe de barrar a deterioração do real.

Por outro lado, intranquilos ficam os investidores sempre que Guedes fala sobre o câmbio. Se o Banco Central já tem pouca influência sobre a cotação, apesar das reservas de 360 bilhões de reais, muito menos tem o ministro. Aliás, vale sempre relembrar a máxima do mercado financeiro que diz que ministro não comenta dólar. Contudo, ele insiste em falar sobre o assunto espinhoso. Guedes repetiu que o país mudou seu modelo econômico e usou uma nova metáfora: “Agora o modelo é (um carro) 4×4, tração nas quatro rodas. Juro caiu de 15% para 4%. Câmbio que era 1,80 reais subiu para 4 reais”, afirmou.

Perguntado se a alta do dólar para os níveis atuais preocupa, Guedes respondeu: “Quando sobe rápido preocupa, por isso o BC atua”, lembrando ainda que as reformas econômicas ainda não foram integralmente implementadas.

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Em novembro, VEJA vaticinou o novo cenário e explicou as intenções do governo ao manter o dólar valorizado. O plano de Guedes é usufruir do dólar mais caro e da Selic mais baixa por um período longo. Isso deveria estimular investimentos em infraestrutura e dar fôlego às indústrias exportadoras. Com esse arranjo, o governo espera que os especuladores internacionais, que hoje operam no mercado, deem lugar a investidores interessados em aplicar recursos em infraestrutura, produção de bens e no setor de serviços. Porém, isso ainda não tem acontecido — em boa medida devido à desconfiança dos investidores internacionais na condução do governo.

Sorte que está na gaveta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o projeto que concede autonomia ao Banco Central. A proposta que fixa mandatos temporais e descola a instituição do Palácio do Planalto promete arrefecer a ingerência de membros do governo na flutuação do câmbio. Com maior liberdade, a instituição comandada por Roberto Campos Neto pode adotar as políticas necessárias para que o país seja um ambiente fértil para investimentos e possibilite o crescimento robusto — um solo seguro contra as intempéries causadas pela má comunicação do governo.

(Com Reuters)

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