Dólar Coldplay? Argentina cria variantes da moeda para driblar crise
'Dólar Coldplay' e 'Dólar Qatar' são alguns dos exemplos das 14 categorias criadas para enfrentar a inflação e evitar a saída de divisas do país
A crise inflacionária na Argentina levou o governo a criar variantes do dólar para enfrentar a inflação e evitar a saída de divisas do país. A Argentina sofre com a alta dos preços e a escassez de reserva internacional em dólar, o que pode inclusive colocar em risco a importação de produtos e alimentos.
Com a inflação crescente – a uma taxa anual de 78% – a diferença entre a cotação oficial do peso argentino (150 pesos) e do dólar conhecidos como blue pesos (282 pesos), já é de quase 100%. O país restringe a compra de dólares desde 2018, por isso poucos setores da economia compram a moeda americana pelo valor de varejo, de 150 pesos, na cotação atual desta quarta-feira, 12. Os setores privados e a população geral podem comprar um valor limitado, de apenas 200 dólares/mês.
Para driblar esse cenário de crise, o governo criou medidas para acesso a um dólar mais barato e, em alguns casos, barreiras tarifárias para deter a saída de dinheiro do país. Batizada de “dólar Coldplay” devido à agenda de shows da banda no país, a variante criada visa apoiar o setor cultural, que está com dificuldade de contratar e pagar pelas atrações internacionais, permitindo o acesso a um dólar mais barato.
O “dólar Qatar“, inserido na categoria “dólar para turistas” foi criado para impedir a saída de dólares do país, que enfrenta uma grave crise nas reservas internacionais. O governo encareceu as taxas do cartão de crédito para uso fora do país aplicando uma taxa de 45% para compra no estrangeiro. Para compras de artigos de luxo, haverá um acréscimo de 25%. O governo explica que o objetivo de encarecer essas compras é fazer com que os argentinos usem as suas reservas pessoais de dólares guardados em casa, evitando a compra da moeda no Banco Central do país.
O país também possui outras variantes, como o “dólar soja“, que garante ao agronegócio um dólar mais competitivo para exportações e o “dólar Netflix“, que são serviços de streaming pagos à taxa de câmbio de varejo acrescido de impostos.