Do etanol ao cafezinho: os produtos que ficaram mais caros em 2021
IPCA fechou 2021 em 10,06%, maior índice desde 2015; serviços como transporte por aplicativo estão na lista dos 20 itens que mais variaram

A marca de dois dígitos na inflação oficial do país não é apenas uma marca para fins estatísticos, ela retrata um aperto no orçamento de famílias e empresas. Diferentemente de 2020, quando a alta dos preços ficou concentrada em alimentos, no recorte dos 20 itens que mais subiram de preço, no ano passado o aumento foi disseminado entre as categorias. Combustíveis, alimentos e até serviços aparecem na lista dos itens que ficaram mais caros em 2021.
O ranking é encabeçado pelo etanol, que acelerou mais de 62% no ano. Segundo o IBGE, a alta foi influenciada pela produção de açúcar. O produto campeão no ranking dos itens mais caros de 2021 mostra bem a conjuntura da elevação dos preços: os valores do etanol, historicamente são atrelados aos da gasolina. Apesar de não usar petróleo como matéria prima, o preço acompanha o do combustível para manter o nível de oferta e demanda. Então, com a aceleração da gasolina, o etanol também subiu. Além disso, o produto é feito de cana, que também produz açúcar. As commodities agrícolas, assim como o petróleo, são influenciadas pelo dólar, que acelerou durante 2021. O clima também influenciou diretamente na safra, elevando os preços. No ranking, o café (50,24%) e o açúcar refinado (47,87%) são o 2º e o 4º produto que mais variaram no top 20.
Os preços também refletem um comportamento da economia que foi a retomada de atividades dos serviços, o setor mais prejudicado da economia pelo choque inicial da Covid-19. Mudança e transporte por aplicativo, atividades essencialmente de serviços, estão na lista das maiores variações.
No ano passado, dos 20 produtos mais caros, 19 foram alimentos. O óleo de soja e o arroz encabeçaram a lista, sendo colchão o único produto que não pertencia à cesta de alimentos e bebidas.
Inflação
Segundo os dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, a inflação oficial do país fechou 2021 em 10,06%, muito acima da meta de inflação (3,75%) e estourando o teto da meta (5,25%). Com o resultado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve endereçar uma carta ao Ministério da Economia explicando o estouro e os caminhos a seguir durante este próximo ano para evitar um novo descumprimento.
Nas estimativas do mercado financeiro, o IPCA deve encerrar 2021 em 5,03%, acima do centro da meta (3,5%) e do teto (5%). Apesar do estouro, o mercado aposta na desaceleração do índice, resultado das altas nas taxas de juros promovidas pelo BC durante o ano passado. A Selic, taxa básica de juros da economia, está em 9,25% e deve subir para 10,75% já em março, segundo sinalização do Copom. O mercado aposta que a taxa básica encerre o ano em 11,75%.