Apesar de ter se recuperado dos efeitos da crise financeira internacional melhor do que muitos outros países, o Brasil ainda tem um desafio: “administrar o sucesso”. A avaliação foi feita nesta segunda-feira pelo presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
Ele ressaltou que, durante suas viagens, tem ouvido “palavras até exageradas” sobre o Brasil, como a de que se trata da estrela do mundo e o melhor destino para investimentos.
“Nosso problema agora é administrar o sucesso, que às vezes cria custos também”, afirmou, durante discurso em evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O presidente do BC destacou que ainda mais importante que o fato de o Brasil ter saído mais forte da crise, são as conclusões de por que isso ocorreu. Segundo ele, o país entrou na crise com os fundamentos já sólidos, o que permitiu que o governo tomasse medidas anticíclicas.
Sem problemas no balanço de pagamentos do país e com reservas internacionais reforçadas, por exemplo, o BC “pôde atacar diretamente as causas da crise”, provendo liquidez em dólar e em reais.
Meirelles também destacou que o Brasil entrou na crise com a inflação equilibrada e que a situação fiscal hoje é “muito mais saudável que no passado”.
À tarde, durante seminário em comemoração aos 30 anos do Selic, Meirelles reiterou que o BC “segue inequivocadamente comprometido com o regime de meta de inflação e câmbio flutuante”.
Conjuntura – Nesta segunda-feira, o relatório Focus produzido pelo Banco Central apontou que o mercado estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá crescer 5% em 2010. Para 2009, o prognóstico é de 0,21%. Já para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a expectativa para este ano é de 4,26%, enquanto que para 2010, os economistas projetam 4,41%.
(Com agência Reuters)