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De olho na volta do consumo, empresários apostam em corte maior dos juros

Empresários ligados ao varejo estimam corte na Selic entre 0,5 e 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom

Por Felipe Mendes Atualizado em 1 ago 2023, 13h32 - Publicado em 1 ago 2023, 12h23

Setor mais sensível ao crédito, o comércio varejista tem amargado uma fuga da clientela devido ao aumento do endividamento e da taxa de juros, hoje a 13,75% ao ano. Em maio, o volume de vendas no setor registrou queda de 1% tanto na comparação ao mês de abril quanto em relação a maio de 2022. Com a melhora do cenário fiscal do país e o processo de desaceleração da inflação, os empresários do setor anseiam por uma queda da taxa Selic acima do esperado pelo mercado na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Enquanto as apostas estão em torno de um corte de 0,25 ou de 0,5 ponto percentual, há quem espere uma redução mais robusta, de 0,75 ponto percentual.

Dentre os mais otimistas, o empresário João Appolinário, fundador e presidente da Polishop, prevê que a magnitude do corte a ser divulgado pelo Banco Central na próxima quarta-feira, 2, pode ser até maior do que o esperado. “Ele (o BC) deveria ter começado o ciclo de cortes mais cedo, com ajustes mais residuais. Tanto é que, agora, eu acho que o corte deva ser entre 0,50 ou 0,75 ponto percentual. Nós temos que ser mais rápidos agora nessa queda da taxa Selic”, aponta Appolinário. “O varejo vem sofrendo desde o início da pandemia. Ainda não voltou como deveria. Mas, com os juros altos, não é só o varejo que sofre. A indústria também. Há toda uma cadeia de produção aguardando essa redução do custo do dinheiro no Brasil.”

Em junho, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reuniu-se com associados do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, o IDV. Na conversa, o executivo deixou transparecer, segundo alguns participantes, a preocupação da autarquia com a atividade do setor varejista em relação à necessidade de corte dos juros. “Nós estivemos com o Roberto Campos Neto e ele deixou transparecer uma preocupação com o setor. A minha aposta é que venha um corte de 0,5 ponto nessa reunião”, diz Antônio Carlos Pipponzi, presidente do conselho de administração da RaiaDrogasil.

Para Pipponzi, uma redução dos juros acima do esperado na próxima reunião poderá reestabelecer o apetite do consumidor. “O sinal que pode ser dado, especialmente se for um sinal de redução de 0,5 ponto, é o pessimismo do consumidor começar a cair. Se isso acontecer, será uma sinalização de segurança”, diz ele. “Acho que nós precisamos disso para reestabelecer o otimismo e uma segurança maior para que os consumidores comprem e que os empresários invistam mais”. Ele também espera que o programa Desenrola ajude a fomentar o setor no segundo semestre.

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Com a taxa de investimento do país em queda, de acordo com a divulgação dos números do PIB do primeiro trimestre, a redução dos juros nesse momento poderia estimular a tomada de crédito para investimento por parte das empresas, algo visto como crucial para o crescimento da economia e para a geração de empregos no país. “Penso que uma redução da Selic, especialmente se for de 0,5 ponto, pode ser o início de uma retomada aos investimentos, já que a sinalização de mudança ficaria mais clara”, afirma Sergio Zimerman, fundador da rede Petz. “Não podemos ter juros reais tão altos por tanto tempo. O varejo está sofrendo muito com isso.”

Alberto Saraiva, fundador do grupo Habib’s, também pensa de maneira semelhante. “Com o corte dos juros, o dinheiro passa a exercer sua função social ao aquecer a economia. A um custo menor dos juros, montam-se mais negócios, mais indústrias, mais comércio, melhora-se o varejo, a economia aquece e, como consequência, há melhora na condição social para toda a população. Com a taxa de juros atual, pouco disso acontece”, diz ele. “A inflação está sob controle, chegou a hora de a taxa cair e o dinheiro voltar a movimentar a economia do país.”

Fatores a favor da queda dos juros aconteceram nas últimas semanas, como a apresentação do arcabouço fiscal, o andamento da reforma tributária no Congresso e, sobretudo, o reconhecimento da melhoria da economia do país por duas das principais agências de classificação de risco de crédito: a S&P, em junho, e a Fitch, na última semana.

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