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CVM analisa acordo em que Qualicorp dá R$ 150 milhões a fundador

Investidores estudam formas de conseguirem reparação na CVM e na Justiça

Por Machado da Costa
Atualizado em 2 out 2018, 15h14 - Publicado em 2 out 2018, 10h27

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já está analisando o acordo firmado entre a Qualicorp e seu fundador e presidente, José Seripieri Filho, conhecido como Júnior. Na segunda-feira 1º a empresa anunciou que vai pagar 150 milhões de reais a seu fundador para que ele não vendesse ações da companhia, nem desenvolvesse negócios concorrentes pelos próximos seis anos  prazo que pode ser estendido para oito anos.

Júnior, Qualicorp
José Seripieri Filho, presidente da Qualicorp (Julia Moraes/Fiesp/Divulgação)

A CVM, comissão responsável por fiscalizar o mercado financeiro, afirma que não comenta investigações em andamento para não atrapalhar os trabalhos de suas equipes. “O assunto objeto […] está sendo analisado”, disse em nota.

O anúncio feito pela Qualicorp na manhã desta segunda 2 fez derreterem as ações da companhia na bolsa de valores de São Paulo, a B3. Os papéis caíram 29,37% durante o pregão, cotados a 11,57 reais. A empresa, que é considerada a maior administradora de planos de saúde coletivos do Brasil, listou como a terceira mais negociada da bolsa, o que é mais uma evidência da fuga dos investidores.

Na manhã desta terça-feira 2 as ações entraram em leilão na abertura do mercado. Esse procedimento é realizado pela bolsa para evitar uma volatilidade excessiva, que pode prejudicar os investidores. Quando saiu do leilão, a ação indicava uma alta de 3,5%, cotada a 12,03 reais, às 10h25. A cotação atual reflete uma perda de valor de mercado de 1,2 bilhão.

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O acordo entre Júnior e Qualicorp revoltou parte do mercado. Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), afirmou que o caso pode ser “o maior escândalo societário do mercado brasileiro desde o caso Oi”. “É preciso uma ação incisiva da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Ministério Público e dos acionistas”, disse Cunha.

A maior reclamação dos acionistas é que a decisão não passou por assembleia. Os minoritários afirmam que apenas souberam do acordo após a publicação de fatos relevantes.

Segundo o jornal Valor Econômico, investidores passaram a tarde de segunda avaliando formas de levar a discussão à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Justiça. Uma das maiores gestores de investimentos do país, a XP, que possui cerca de 5% do capital social da Qualicorp, afirmou aos cotistas que buscará reparos na Justiça.

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O acordo

Em teleconferência, a diretora Financeira e de Relações com Investidores da Qualicorp, Grace Cury Tourinho, disse ainda na segunda, que Júnior “pode sair a qualquer momento”, ao longo dos seis anos do contrato. “Mas que se ele quiser sair, vai ter que respeitar na íntegra o acordo e devolver valor proporcional”.

A executiva afirmou que o valor pago ao executivo, de 150 milhões, equivale a uma remuneração média calculada por três consultorias – McKinsey, Spencer Stuart e Mercer. “O valor equivale à remuneração de executivos com a mesma posição”, disse. A companhia justificou o acordo dizendo a decisão visa um alinhamento estratégico da empresa médio prazo.

Em nota, a McKinsey desmente a informação da Qualicorp e informa que 1não atua em qualquer definição referente a mérito ou valor de acordos de não competição com executivos’.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a companhia reiterou que o contrato não pode ser rescindido antes do final do prazo de 6 anos, mesmo que José Seripieri Filho deixe de atuar como administrador.

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“Apenas em caso de tomada hostil de controle ou da destituiç��o da maioria do Conselho antes do final do respectivo mandato, Seripieri Filho poderia rescindir o contrato antes do final do prazo desde que reembolse à companhia o valor da indenização na proporção do prazo ainda não cumprido”, disse em nota. “Além disso, a Qualicorp esclarece que a referida decisão, visando um alinhamento estratégico de médio prazo, foi tomada por unanimidade por seu Conselho de Administração, sem a participação do sr. Seripieri e respeitados todos os ritos legais.”

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