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Custo do frete para entregas chega a subir 1.000% em meio à pandemia

Sob o impacto do confinamento, empresas se veem obrigadas a repensar a entrega de seus produtos

Por Sabrina Brito Atualizado em 7 abr 2020, 14h12 - Publicado em 6 abr 2020, 19h13

A ordem dada por autoridades de todo planeta para que os cidadãos permaneçam dentro de casa diante da ameaça do novo coronavírus — o que já levou quase metade da população do globo a entrar em algum tipo de confinamento — fez crescer de modo expressivo o número de compras online de produtos, digamos assim, inadiáveis, e consequentemente, a demanda por frete. Com isso, diversos setores do mercado foram forçados a enfrentar a necessidade urgente de repensar suas estratégias de vendas. Enquanto algumas empresas aumentaram seus preços de entrega como forma de compensar as quedas no volume mais global de compras — quem vai adquirir algo nesse momento que não seja de fato essencial? —, outras resolveram simplesmente não cobrar pelo serviço durante a pandemia.

Um exemplo de elevação — e põe elevação nisso — de preços das tarifas de fretes são os cobrados pelas companhias aéreas. O crescimento dos custos para o transporte de mercadorias pelo ar bateu os 1.000% ao longo dos últimos dias. Com isso, a distribuição de produtos de diversas áreas foi prejudicada, incluindo cargas emergenciais. O pagamento de indenizações, comum quando o serviço dessas empresas é negativamente impactado, foi suspenso. Outro meio empregado pelas aéreas para enfrentar a crise — adotado pela Korean Air, para ficar em um caso, e considerado pela British Airways —, é usar os jatos normalmente utilizados para o transporte de pessoas para carregar mercadorias. Nada mais lógico, uma vez que grande parte dos voos comerciais foi suspensa mundo afora.

A busca por produtos industriais também tem sentido os impactos da pandemia. De acordo com um estudo da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, a demanda por transporte de cargas caiu mais de 26% em março. Os pedidos por embalagens apresentaram uma queda acima de 55%; os eletrônicos caíram cerca de 46%; os automóveis, acima de 40%. Com o abalo no frete, Wallace Landim, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores, já declarou que a categoria dos caminhoneiros não descarta a possibilidade de uma paralisação se a orientação de distanciamento social não tiver qualquer flexibilização.

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Apesar da diminuição do custo de frete ser comum em épocas de promoção, e a gratuidade, via de regra, contemplar o cliente que gasta acima de um determinado valor, esses modelos, no cenário atual, se transformaram em trincheiras de resistência ao baque nas receitas.  Os exemplos de marcas que têm lançado mão de expedientes dessa natureza são incontáveis. Mas as estratégias comerciais não param por aí. A Telhanorte cortou o frete para consumidores com mais de 60 anos; a Oakberry suspendeu o custo da entrega para pedidos feitos pelo iFood; o Ponto Frio e as Casas Bahia oferecem uma gama de itens sem pagamento de frete para diversas regiões do país; e o Magazine Luiza cancelou o custo de entrega para mercadorias de higiene, em uma tentativa de estimular seu consumo. De maneira similar, uma rede americana de farmácias, a Savage’s Drugs, cortou os fretes de medicamentos durante a epidemia do coronavírus. Nos Estados Unidos, aliás, o movimento para tentar baratear as entregas deu um passo à frente: o correio nacional recebeu um pedido formal, emitido por algumas organizações e apoiado pela News Media Alliance, para diminuir os preços dos fretes durante a pandemia de Covid-19.

Uma alternativa que tem sido igualmente empregada pelo comércio varejista é aquela em que o consumidor faz transação pelo computador e retira o produto adquirido in loco, em lojas específicas. Entre as marcas que aderiram a esse sistema no Brasil estão Pão de Açúcar, Extra, Cobasi, Americanas, Renner e C&A. Com isso, elimina-se o valor de custo, que seja, do frete, e a receita fica menos comprometida.

Embora não haja risco no horizonte de desabastecimento em nenhum setor, é importante que o consumidor fique atento não só à oferta e à demanda dos produtos que pretende adquirir como também à frota disponível para transportá-los. Com os severos impactos do coronavírus na economia, é difícil prever o futuro das entregas em todo o globo. E esse futuro pode durar muito tempo.

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