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Cresce uma ideia de organização doméstica chamada de “armário-cápsula”

Menos é mais: o movimento consiste em manter pouquíssimas roupas em casa

Por Mariana Rosário Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 abr 2021, 10h11 - Publicado em 22 abr 2021, 19h50

“As lojas sempre têm um cheirinho bom e despertam o desejo por coisas que você nem sabia que precisava”, disse uma querida personagem do cinema e da TV, Rebecca Bloomwood, a Becky Bloom, vivida pela australiana Isla Fisher na comédia Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (2009). Becky é uma jovem definitivamente falida em busca do equilíbrio entre estilo e saúde financeira, mas ladeada de um guarda-roupa abarrotado de peças de grife pouco ou nada usadas. A relação de Becky com seu armário é retrato de nosso tempo, um tempo em que muitas mulheres olham para seus cabides e pensam, quando não dizem em voz alta mesmo: “Não tenho nada para vestir”. Os humores de hoje, contudo, acelerados pelo encasulamento da pandemia, exigem uma vida minimalista, sem exageros.

Há uma onda que cresce, um método de organização doméstico chamado de “armário-cápsula”. Trata-se de passar um longo período de tempo — como uma estação do ano ou mais até — com cerca de três dezenas de roupas que combinem entre si, e só. Para que o esquema funcione, é preciso atenção redobrada ao comprar peças novas e ao selecionar o que já está em casa (veja no quadro).

arte Guarda Roupas

“Pode parecer um sacrifício, mas não é”, diz a especialista em estilo Luciana Ulrich, dona da Studio Immagine, escola de moda em São Paulo que criou um workshop on-line sobre o tema. “Com doze itens é possível montar aproximadamente cinquenta looks.” A modéstia no consumo, digamos assim, resultou na procura por armários pequenos, os chamados closets modulados — as vendas aumentaram 40% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020, em lojas de móveis do Brasil.

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A ideia de ter pouco para vestir, agora redescoberta, nasceu nos anos 1980, com a estilista americana Donna Karan. Ela lançou uma coleção de sete peças curingas que transitavam bem da noite ao dia, do trabalho à festa. A novidade sacudiu as passarelas, as revistas de moda e as ruas. “Aos poucos, descobriu-se que as coisas podiam ser mais simples, mais confortáveis e mais duráveis”, diz Marcio Banfi, estilista e professor de moda na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. Até que a humanidade, afeita a consumir, foi perdendo o gosto pela simplicidade. Mas, como sempre, os movimentos pendulares mudam comportamentos, e a sociedade parece ter retornado à boa estrada. É o que fez a professora de inglês Jéssica Fioravante, 30 anos, do Rio de Janeiro, que reduziu seu acervo de 300 peças para uma seleção com apenas 10% desse montante. “Percebo que sou mais criativa nas composições”, diz. “Nunca me falta nada e, se for pensar bem, às vezes até sobra.” E se sobra, para que ter? Ou, como ensinou o arquiteto modernista alemão Mies van der Rohe (1886-1969) numa de suas máximas mais celebradas: “Menos é mais”.

Publicado em VEJA de 28 de abril de 2021, edição nº 2735

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