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Coronavírus: inadimplência no ensino superior salta para 25,5% em abril

Falta de pagamento sobe mais de 10 pontos percentuais em relação a 2019; evasão de alunos deve ser acima de 30% em 2020, prevê sindicato das universidades

Por Diego Gimenes
Atualizado em 18 abr 2020, 09h24 - Publicado em 18 abr 2020, 08h00

A crise provocada pelo novo coronavírus já traz impactos econômicos ao setor de ensino superior brasileiro. Com aulas suspensas desde o final de março, as instituições são pressionadas a reduzir as mensalidades de seus cursos. De acordo com o Sindicato das Instituições de Ensino Superior Privado (Semesp), a taxa de inadimplência atingiu 25,5% na primeira quinzena de abril, acima dos 14,9% registrados no mesmo período de 2019. Segundo a entidade, as instituições de ensino têm acompanhado as dificuldades enfrentadas pelos alunos diante do afastamento compulsório das atividades profissionais durante a crise, e as análises de reduções das mensalidades são feitas caso a caso, de acordo com a situação de cada aluno. Uma das soluções apontadas pelo sindicato para reduzir a inadimplência no setor é a adoção de programas de auxílios emergenciais.

Dependendo da intensidade da crise, o Semesp projeta uma alta no número de inadimplentes no acumulado deste ano, que vai de, no cenário mais otimista, 10,1% a 11,2%, no cenário mais pessimista. No ano passado, essa taxa foi de 9,5%. “A inadimplência das mensalidades em atraso vinha crescendo nos últimos anos motivada, principalmente, pela redução drástica do número de financiamento estudantil (FIES) concedido pelo governo. No entanto, com o novo cenário da crise da Covid-19, as projeções demonstram um aumento bem mais significativo em 2020, mesmo num cenário mais otimista”, informou a entidade.

A taxa de evasão de alunos também tende a crescer. Segundo o sindicato, este índice pode subir 11% no acumulado deste ano em relação a 2019 e variar entre 32% e 34% dos alunos. “Como o atual cenário é inédito e altamente incerto, o número de alunos que desistirão nos próximos meses dependerá exclusivamente das ações tomadas pelos órgãos competentes e também pelas próprias instituições de ensino”, justifica a entidade. Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, defende que as mensalidades sejam mantidas. “Os custos com o corpo docente, que mantém sua dedicação ministrando as aulas de forma remota e buscando ajustar o plano de aulas a essa realidade, continuam rigorosamente os mesmos. Assim como ocorre com os custos com os demais colaboradores, que desenvolvem suas atividades em regime de home office.” Capelato acrescenta ainda que neste momento “tais custos estão sendo acrescidos das despesas para adaptação tecnológica dos cursos”.

Sobre a substituição temporária do ensino presencial pelo a distância, Marcio Sanches, coordenador da Universidade Corporativa Semesp, explicou que o setor se preparou para usar todas as ferramentas tecnológicas disponíveis. “As estruturas físicas das instituições estão ociosas, mas os profissionais estão trabalhando muito no regime de home office. Os coordenadores pedagógicos, professores e profissionais administrativos criaram mecanismos para interagir diariamente com os alunos dos cursos presenciais por meio de novas metodologias de ensino com o uso da tecnologia”, disse Sanches.

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Questionado sobre uma possível dificuldade tecnológica para os alunos acompanharem as aulas nessa nova dinâmica, Capelato explicou que as ferramentas utilizadas permitem o acesso em qualquer dispositivo. “Mesmo aquele aluno que não tem um computador em casa pode participar das aulas virtuais e acessar todos os conteúdos por meio de um smartphone. Entretanto, as instituições têm contornado todas as dificuldades tecnológicas que alguns alunos apresentam”, justificou o diretor-executivo do Semesp.

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