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Copom reduz taxa de juros pela 6ª vez seguida e Selic vai a 10,75% ao ano

Taxa está em seu nível mais baixo desde março de 2022; no comunicado, colegiado alterou 'guidance', reduzindo a sinalização de cortes adiante

Por Luana Zanobia, Larissa Quintino Atualizado em 20 mar 2024, 19h08 - Publicado em 20 mar 2024, 18h37

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, levando a Selic de 11,25% para 10,75% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. Esta é a sexta redução consecutiva na Selic, alcançando seu nível mais baixo desde março de 2022.

A principal justificativa para este ciclo de cortes é o processo de desinflação. Em 2023, a inflação encerrou em 4,62%, abaixo dos 5,79% registrados em 2022, marcando a primeira vez desde 2020 que o IPCA ficou dentro do teto da meta estabelecida pelo Copom, que era de 4,75%, com o centro da meta em 3,25%. Para este ano, a meta estabelecida pelo BC é de 3%, com um limite de 4,5%.  O processo, no entanto, está mais lento, com a inflação em 12 meses tendo acelerado na passagem de janeiro para fevereiro, ficando em 4,5% — no limite do teto.

No comunicado divulgado com a decisão, houve uma mudança importante no ‘guidance’, que é a sinalização dos próximos passos da política monetária: o Banco Central vinha sinalizando que manteria o corte “nas próximas reuniões”. Agora, o plural caiu. O BC afirma que deve cortar mais meio ponto na reunião de maio, caso o cenário se mantenha, mas abre margem para reduções menores ou fim dos cortes em diante, para acompanhar melhor o comportamento da inflação. “A justificativa é que a incerteza do cenário aumentou e exige maior cautela na condução da política monetária, ensejando por maior flexibilidade e menos rigidez no compromisso atribuído ao ritmo”, diz Étore Sanchez, economista-Chefe da Ativa Investimentos.

Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião. O Comitê avalia que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”

Inflação

Neste inicio do ano, aceleração da atividade econômica, com a criação de 180 mil empregos formais com carteira assinada e o aumento das vendas no varejo, na indústria automobilística e nos serviços, o que pode pressionar a inflação. Há uma divergência entre os economistas sobre se os recentes dados de atividade econômica e do mercado de trabalho já impactaram a inflação de curto prazo e estão ameaçando as expectativas de convergência do IPCA para a meta.

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Diante disso, uma decisão “contratar” mais duas quedas consecutivas de 0,50 ponto percentual na Selic poderia ser arriscada. Segundo o Focus, relatório semanal do BC, as projeções para a inflação aumentaram de 3,77% para 3,79% em 2024 e de 3,41% para 3,52% em 2025. Quanto ao PIB, a previsão de crescimento para este ano subiu de 1,78% para 1,79%. O mercado estima que o crescimento econômico ficará acima do PIB potencial neste ano, sugerindo que o Copom tem espaço para sinalizar apenas mais uma queda de 0,5 ponto percentual na próxima reunião.

Além da inflação, o Banco Central está atento à situação fiscal. “A preocupação do Banco Central continua sendo ainda com os desdobramentos principalmente nas questões fiscais e no lado internacional, quer dizer, uma piora no ambiente global quando se trata de inflação, mas isso não foi o suficiente ainda para que se mudasse o ritmo de corte de juros”, diz Cristian Pelliza, economista-chefe da Nippur Finance. Desde o último encontro, o governo resolveu manter a meta de déficit fiscal zero em 2024, porém as contas públicas apresentaram piora, com um déficit de 230 bilhões de reais em 2023, equivalente a 2,1% do PIB. A percepção de um risco fiscal aumentado afeta as expectativas e pode impactar tanto a inflação quanto os juros, com a possibilidade de aversão por parte de investidores estrangeiros e uma fuga de dólares do país.

Por outro lado, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, optou por manter as taxas de juros do país inalteradas em uma faixa de 5,25% a 5,5% ao ano. Esta decisão já era aguardada pelo mercado. Em seu comunicado, o Fed indicou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica ainda está em uma trajetória de aquecimento. Embora a redução da taxa de juros no Brasil seja amplamente esperada, com o mercado precificando a Selic terminal em 9% ao ano, a trejatório de queda amplia o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos, que decidiu por manter e ainda não tem sinalizações no horizonte de inciar o ciclo de cortes, o que tende a gerar fuga de capital. Essa disparidade nas políticas monetárias entre os dois países pode aumentar a pressão sobre o mercado financeiro brasileiro, à medida que investidores buscam retornos mais atrativos em outros lugares.

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