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Copom mantém Selic em 6,5% ao ano pela 10° vez consecutiva

Esse é o menor percentual da taxa básica de juros na história; BC diz em nota que a continuidade do processo de reformas é essencial para a queda dos juros

Por André Romani Atualizado em 19 jun 2019, 19h03 - Publicado em 19 jun 2019, 18h10

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 6,5% ao ano, nesta quarta-feira, 19. A decisão já era esperada por parte do mercado. “O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019 e, principalmente, o de 2020”, de acordo com nota divulgada pelo Copom.

O colegiado reiterou que “a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural” e que julga importante observar o “comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, com redução do grau de incerteza a que continua exposta”.

A taxa de 6,5% ao ano, definida em março do ano passado, é a mais baixa da história. Essa é a décima reunião consecutiva com manutenção desse percentual. A Selic é a taxa básica de juros definida pelo governo, e que serve de referência para diversas outras taxas da economia. Ela é redefinida ou mantida a cada 45 dias em encontros dos integrantes do Copom, grupo formado por diretores e o presidente do Banco Central. A decisão leva em conta diversos fatores, como a inflação e o desempenho da economia brasileira. A próxima reunião está marcada para os dias 30 e 31 de julho.

O Copom enfatizou, no comunicado, que a continuidade do processo de reformas é essencial para a queda da taxa de juros e para a recuperação sustentável da economia. “O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva.”

Para Isabela Guarino, economista-chefe da XP Asset Management, o principal fator para a manutenção da taxa de juros é a incerteza com a reforma da Previdência. “Estamos vendo um andamento melhor, mas não uma perspectiva concreta, que seria pelo menos a aprovação no plenário da Câmara dos Deputados em primeiro turno”, afirma ela. Atualmente, o texto está na Comissão Especial da Casa e deve ser votado nas próximas semanas. Se passar, vai para o plenário, onde precisa ser aprovado por 3/5 dos deputados em dois turnos para ser encaminhado ao Senado.

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“Para baixar juros, o BC espera sinalizações econômicas de que a redução da Selic realmente vai gerar impacto a longo prazo. Isso deve ocorrer, por exemplo, na hora que a reforma tiver muito próxima de ser aprovada”, afirma Juliana Inhasz, coordenadora da graduação em economia do Insper.

Isso não significa, no entanto, que não existem motivos para um corte de juros. Essa é a primeira reunião do Copom após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre deste ano, que teve queda de 0,2% na comparação com o quarto trimestre de 2018. Para os economista ouvidos por VEJA a atividade econômica, outro ponto importante para a decisão do BC, já é considerada fraca para um corte na Selic. No entanto, para eles, a instituição vem mostrando que só isso não será suficiente. “Por mais que a economia piore, o BC sinaliza que vai aguardar uma melhora no cenário fiscal, que depende da tramitação da reforma da Previdência”, afirma Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável do BTG Pactual.

Outro aspecto importante analisado para a decisão do BC é a inflação, que se mantém controlada. No Boletim Focus mais recente, divulgado semanalmente pelo órgão, e que representa a previsão do mercado financeiro, é projetada uma inflação de 3,84% para este ano. O indicador segue abaixo da meta de inflação estipulada pelo governo, de 4,25%, mas dentro da margem de tolerância prevista pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), entre 2,75% e 5,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Apesar da não redução na taxa de juros, a expectativa dos economistas é que ainda neste ano a Selic seja cortada. Essa também é a opinião do mercado financeiro. No Boletim Focus mais recente, a taxa prevista para 2019 caiu de 6,5% para 5,75%. Já em 2020, eles esperam uma retomada, com a Selic fechando o ano em 6,5%.

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