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Copom eleva Selic pela 3ª vez consecutiva e taxa chega a 12,25% ao ano

Piora no cenário por desancoragem das expectativas com cenário fiscal incerto e alta do câmbio pesaram na decisão

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 dez 2024, 21h11 - Publicado em 11 dez 2024, 18h36

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 6, elevar a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano. Terceira alta dos juros no ano, a decisão foi unânime e o aumento de 1 ponto percentual, acima da medida da expectativa do mercado, confirma um esforço mais agressivo do BC para conter a pressão da inflação e a desancoragem das expectativas.

O aumento é o dobro do que o da última reunião, que teve ajuste de 0,50 ponto, devido a um cenário mais turbulento do que na reunião de novembro. O ciclo de alta de juros começou em setembro com a elevação de 0,25 ponto percentual, seguida pela alta de 0,50 ponto percentual em novembro. 

Com a decisão desta noite, o Copom marca a terceira alta consecutiva, na última reunião liderada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. A Selic iniciou o ano em 11,75%, em março caiu a 10,75% e maio, para 10,50%, patamar que ficou até setembro, quando  o comitê iniciou a alta dos juros. Em janeiro, o atual diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, assume o comando da autarquia.

Em seu comunicado, o comitê destaca o que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho seguem apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, e  aponta que  a inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.  De janeiro a setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 3,3%, enquanto nos últimos quatro trimestres a alta foi de 3,1%. Frente ao terceiro trimestre de 2023, o indicador cresceu 4%.  Nesta semana, o IBGE divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,39% em novembro, levando a inflação anual para 4,87%, a maior desde outubro de 2023.

A desancoragem das expectativas motivou o início do aperto monetário e o comitê novamente destacou esse motivo em seu comunicado.  “As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência”, diz o comunicado.

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O Copom observa que alguns riscos que antes eram apenas potenciais se concretizaram, tornando o cenário econômico mais desafiador. A alta mais agressiva se justifica por conta do ambiente mais claro, mas com fatores negativos que podem pressionar a inflação para cima, o que exige atenção da autoridade monetária.

A questão fiscal segue também atraindo a atenção do Copom que tem acompanhado “com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, diz.  O fato de o pacote fiscal ter sido mal recebido pelo mercado contribuiu para agravar o cenário, segundo o comitê. “A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa.”

Em outubro, a dívida pública chegou a 9 trilhões de reais, ou seja, 78,6% do PIB, um aumento de 0,4 ponto percentual em um mês. Apresentado pelo governo, o pacote de corte de gastos, que estima economia de 70 bilhões em dois anos ainda não convence, e há receio, entre agentes do mercado financeiro, de um enfraquecimento do pacote de medidas durante a tramitação pelo Congresso Nacional.

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Caso o cenário adverso se confirme, o Copom afirma que prevê mais dois ajustes de 1 ponto percentual. “A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz o comunicado.

Na segunda-feira, 9, a moeda norte-americana alcançou o maior valor da história, batendo 6,08. Donald Trump assume a presidência dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro e dando ainda maior tendência de valorização para a moeda norte-americana, o que deve pressionar ainda mais o câmbio. Em relação ao cenário externo, o comitê também avalia que permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos. Segundo o Copom, há dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed, o banco central dos Estados Unidos, que vem num ciclo de corte de juros que pode mudar em função da nova gestão.

A decisão foi unânime entre os membros do comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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