Lagos, 8 jan (EFE).- O Parlamento da Nigéria reivindicou neste domingo ao Governo, em votação extraordinária, que mantenha os subsídios à gasolina para evitar uma greve geral, convocada pelos sindicatos pela alta de preços dos combustíveis.
O presidente da Câmara Baixa nigeriana, Aminu Tambuwal, anunciou que a proposta obteve o apoio de uma arrasadora maioria de parlamentares.
Os deputados concordaram com a criação de duas comissões para explorar o alcance da decisão do Governo de Goodluck Jonathan, inclusive um comitê que intermedeie a discussão entre o Executivo e os sindicatos.
A decisão do Congresso reforça as posições das centrais sindicais que hoje confirmaram a convocação de greve geral para amanhã pela alta de preços da gasolina, apesar das chamadas de conciliação do presidente ontem na televisão.
As duas principais centrais sindicais, o Congresso Nigeriano do Trabalho (NLC) e o Congresso de Sindicatos (TUC), que convocaram a greve, expressaram em comunicado que o discurso do presidente não vai impedir as mobilizações.
Goodluck Jonathan defendeu a decisão de seu governo de retirar os subsídios à gasolina, que fizeram subir o preço do combustível de 65 nairas (R$ 0,74) por litro para 141 e 200 nairas (R$ 1,61 e R$ 2,28).
‘O movimento sindical, em nome da população nigeriana, declara que a mensagem do presidente não vai mudar absolutamente nada e, portanto, a greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira, as manifestações e protestos continuam de pé’, afirmaram os sindicatos em seu comunicado.
‘Os nigerianos não podem assumir esses preços da gasolina e a hiperinflação que essa medida gerou. O presidente Jonathan desperdiçou ontem sua oportunidade’, acrescentou a plataforma de sindicatos.
Em seu discurso, transmitido pelas emissoras de televisão nigerianas, Jonathan pediu compreensão aos cidadãos em relação às medidas de ajuste, que incluem a redução de 25% no salário-base dos servidores públicos e cortes de outros gastos estatais, além da retirada dos subsídios aos combustíveis.
‘Só temos duas opções: ou desregulamos o setor dos combustíveis para sobrevivermos economicamente, ou mantemos os subsídios, que continuarão dificultando nosso crescimento, e assumimos as consequências’, advertiu o presidente.
‘A liberalização deste setor era uma medida necessária que tínhamos de tomar. Deveríamos continuar da mesma maneira e nos expor a sérias consequências econômicas? Não será melhor assumir os momentos difíceis iniciais para obter mais lucros depois?’, indagou-se Jonathan.
‘Quero garantir a todos os nigerianos que, seja qual for o sofrimento que enfrentarem agora (pela alta da gasolina), será temporário’, acrescentou. EFE