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Congresso mais bolsonarista obriga Lula a ser mais centrista, diz mercado

Bolsonaro saiu vitorioso no Congresso, onde ambas as casas elegeram muitos aliados do governo

Por Luana Zanobia Atualizado em 3 out 2022, 16h58 - Publicado em 3 out 2022, 14h20

A votação para a disputa presidencial se mostrou mais apertada do que vinham prevendo as pesquisas de intenção de voto, levando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que liderava as pesquisas com folga – a ir para o segundo turno com Jair Bolsonaro (PL). Perdendo a chance de ganhar no primeiro turno  faltando 1,6 ponto percentual para atingir metade dos votos válidos, Lula liderou com 48% dos votos contra 43%, mas viu o rival mostrar força maior do que a captada pelas pesquisas e ainda contou vitórias importantes no Congresso, onde ambas as casas elegeram massivamente seus aliados.

Esse cenário animou o mercado, que espera que, mesmo que Lula consiga os votos que faltaram, ele terá de adotar um posicionamento mais centrista, aliviando as perspectivas do mercado em relação a postura econômica. “Legislativo com uma bancada bolsonarista expressiva afasta risco de guinada na agenda econômica ou ‘revogaço’, trazendo alívio para os investidores”, avalia o Ativa Investimentos em seu relatório de pesquisa de mercado. Segundo a casa, aumenta a possibilidade de um Lula trazendo uma equipe econômica mais responsável à questão fiscal e, inclusive, podendo anunciar a sua equipe econômica antes do pleito para o segundo turno. “Com a Câmara e o Senado tomados pela centro e direita, vai ficar difícil passar medidas populistas, principalmente contrárias à agenda do atual governo.”

As sinalizações econômicas do petista, no entanto, serão fundamentais na decisão para o segundo turno. Além da escolha estratégica de Geraldo Alckmin como vice, a tendência de indicação de Henrique Meirelles em um eventual governo Lula, publicada em primeira mão pela coluna Radar Econômico, deixa o mercado otimista. Na sexta-feira, o Ibovespa atingiu o pico do dia e o dólar caiu após a notícia.  

Meirelles foi o criador do teto de gastos, instrumento instaurado em 2017 que funciona como uma âncora fiscal para limitar os gastos públicos e ajudar até no controle da inflação, mas que vem sendo criticado e duramente combatido por Lula. Assim, a escolha de Meirelles sinaliza ao mercado que o petista, embora discorde do instrumento, terá uma política de responsabilidade fiscal. O estouro do teto de gatos no governo Bolsonaro gerou uma crise fiscal e de credibilidade que aprofundaram ainda mais a crise vivenciada no país, pelos efeitos econômicos da pandemia. “Devemos ver um Lula mais ameno no segundo turno, no que tange à questão fiscal e às estatais. Uma prova disso é que Petrobras sobe 9% hoje, após forte queda. Os pleitos estaduais praticamente neutralizam um possível extremismo de esquerda”, diz Pedro Menin, sócio-fundador da Quantzed.

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A posição dos demais candidatos, como Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), também será fundamental para que Lula consiga apoio do centro. “Dificilmente Lula terá facilidade para aprovar suas pautas no Congresso, então o mercado está apostando nesse Lula mais ao centro. O que o mercado está olhando agora são as alianças que serão costuradas”, diz Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos. Aliados de Lula esperam uma aliança com a emedebista para o segundo turno, buscando mais apoio do setor de agronegócios para o petista, grupo que é grande eleitorado de Bolsonaro. Tebet ganhou força na disputa conquistando 5 milhões, ficando no terceiro lugar da disputa, com 4% dos votos. Tebet é bem vista pelo empresariado e já vinha desidratando votos desse grupo para Lula, como mostra reportagem de VEJA.

Na Câmara dos Deputados, o partido de Bolsonaro elegeu 101 deputados. No Senado, os aliados conquistaram 14 das 27 vagas. Bolsonaro comemorou o resultado na noite de domingo, 2, junto a seus apoiadores, ironizando a não eleição de antigos aliados, como os deputados federais Joice Hesselmann (PSDB) e Alexandre Frota (PSDB).

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