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Como o 5G impacta a indústria e pode aumentar o PIB em R$ 80 bi

Em entrevista a VEJA, o superintendente de desenvolvimento industrial da CNI, Renato da Fonseca, aponta os ganhos da produção com a nova tecnologia

Por Renan Monteiro Atualizado em 7 jul 2022, 18h51 - Publicado em 7 jul 2022, 09h26

Um alívio ocorreu quando finalmente o leilão do 5G ocorreu em novembro de 2021. Com atraso em relação a muitos parceiros no G20, marcava o passo inicial para a implementação da já não tão nova tecnologia no Brasil. Depois de quase oito meses, Brasília é a primeira cidade do país a receber a conexão pura de 5G: os sinais foram ligados na última quarta-feira, 6, dando início a essa história. Todas as capitais estarão com a tecnologia instalada até 29 de setembro, segundo previsão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mas um caminho para um Brasil  “full 5G” é longo, com previsões mais otimistas para após 2030.

O fato é que o 5G também está muito longe de representar só uma conexão mais rápida, para os celulares ou TVs smart. A tecnologia, em sua potencialidade, é um marco gigantesco para a indústria brasileira, como um todo. Em entrevista a VEJA, o superintendente de desenvolvimento industrial da CNI, Renato da Fonseca, aborda como o 5G impacta o crescimento de longo prazo do país – quantificado em 80 bilhões de reais até o fim desta década.

Para além da questão do aumento de conexão, o que você visualiza como efeitos práticos do 5G na indústria brasileira?

Você tem obviamente o que todo mundo comenta: o momento de velocidade. O download sai de 1 gigabit por segundo, vai para 10 gigabits por segundo – dez vezes mais rápido. A confiabilidade no sistema é outro ponto, ou seja, a perda mínima de dados, um fator importante para uma indústria funcionar. O que a gente chama de indústria 4.0 é ter, por exemplo, sensores e deixar uma máquina conversando com uma máquina, identificando possíveis problemas imediatamente. É importante o que a gente chama de baixa latência, ou seja, o menor tempo de resposta. O 5G permite isso.

Renato da Fonseca, Superintendente de Desenvolvimento Industrial
Renato da Fonseca, da CNI (CNI/Divulgação)

O 5G é o passo inicial para essa cadeia produtiva automatizada e toda integrada digitalmente na indústria. Como essa comunicação entre máquinas pode ser exemplificada?

É um caminhão da Vale do Rio Doce, na mineração, sem motorista. Ou uma fábrica que tem um sensor de temperatura e avisa antecipadamente um possível superaquecimento. Isso ocorre com um trânsito muito rápido de dados. O 5G permite a velocidade, a capacidade de processamento, com uma resposta imediata. Aí você pode ter uma indústria 4.0. Essa tecnologia digital realmente entrega um aumento significativo da produtividade, onde você pode deixar a máquina funcionar sozinha e você operar de longe. É essencial para a indústria, essencial para tudo, do videogame à questão de saúde à distância.

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Qual o aumento da produtividade possível?

Nós buscamos calcular esse impacto no PIB, mostrando a diferença de você fazer uma implementação rápida. Se em vez de 40%, estivermos com 80% do território coberto pelo 5G, em 2030, o aumento no PIB será cerca de 80 bilhões de reais. Mas o 5G precisa chegar não só às capitais. A indústria não está só no centro de Brasília ou São Paulo, mas em áreas mais afastadas do centro também.

O que dificultou a implantação do 5G no país? Instalação das antenas?

Demorou o leilão, mas, a partir do momento que foi feito, quem vai instalar as antenas são as empresas privadas que ganharam a concorrência. Se dependesse do governo, não teríamos dinheiro. Mas tem de mudar a legislação de antenas em cada município, pois são legislações municipais (os municípios, individualmente, têm a prerrogativa de regular a ocupação do solo pela infraestrutura de telecomunicações). Há projetos no Congresso tentando agilizar essa questão, mas vai depender muito de cada câmara mudar a legislação local. Só 106 ou 1% dos (5.568) municípios brasileiros apresentaram a nova legislação adaptada às condições para instalação de mais antenas. São cinco vezes mais antenas necessárias que o 4G.

As empresas poderão ter conexão privada, certo?

Em geral, as grandes empresas vão contratar uma rede privada de conexão com a internet, até por questões de segurança. No leilão, foi reservada uma faixa de frequência para isso, só que precisa ser regulamentada pela Anatel e, assim, as empresas ganhadoras do leilão poderão oferecer à indústria a venda de redes privadas de conexão 5G.

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Qual a conexão da quinta geração da internet com o que é chamado de internet das coisas?

Hoje, dentro de casa, quando se conectam muitos aparelhos, você tem uma queda na velocidade. O 5G vai acabar com isso, ele permite a conexão estável de número gigantesco de aparelhos ao mesmo tempo uns com os outros. É a televisão conversando com a geladeira, conversando com a máquina de lavar e gerando informações funcionais ao dia a dia, como a roupa lavada que ficou seca. 

Existe a perspectiva de muito gasto com a transição para o 5G, sendo necessário um investimento enorme dos setores industriais?

Existe o medo de trocar todas as máquinas na indústria, o que não precisa ser de uma vez. É custoso, mas tem um retorno significativo. Vai precisar de um investimento pesado, mas isso vem das companhias, está sendo pago pelo setor. É um investimento que vai aumentar a produtividade da indústria e o padrão de vida das pessoas, seja para se divertir, para trabalhar e ser mais produtivo. É um investimento que vai gerar ganhos significativos no país.

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