Como a queda da Selic afeta o bolso do consumidor
Selic cai 0,25 ponto percentual e atinge seu menor valor na história, mas consumidor deve sentir pouca diferença no bolso, segundo Anefac
O Banco Central anunciou, nesta quarta-feira, uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros básica (Selic), que passou de 7% a 6,75% ao ano com a mudança. Porém, segundo cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o impacto da redução para o bolso do consumidor será muito pequeno.
Pela lógica, a queda na taxa de juros básica deixar os empréstimos mais baratos. A Anefac informa que as taxas cobradas dos consumidores, na prática, acabam sendo muito maiores do que a Selic – da ordem de 133,61% ao ano, em média, para pessoas físicas.
“Este é o menor valor da taxa Selic em toda sua história, mas isso adianta muito pouco, porque os juros para o tomador final no Brasil ainda estão entre os maiores do mundo”, explica o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, em nota. “As altas taxas para o tomador final retiram poder de compra das famílias, inibem o investimento e a geração de emprego por parte das empresas e dificultam a retomada do crescimento”.
Para ele, o Banco Central precisa “deixar de só fazer ameaças ao sistema bancário” e começar a “tomar ações incisivas para reduzir a taxa de juros ao tomador final”.
Simulações
Um dos exemplos dados pela Anafec para ver como a queda na Selic poderia afetar o consumidor é a simulação de uma compra de geladeira. Imaginando que o preço à vista do produto é 1.500 reais e o valor será parcelado em 12 vezes, com a Selic a 6,75% ao ano, a taxa de juros fica em 5,43% ao mês e cada parcela sairia por 173,37 reais. Ao final, o comprador teria desembolsado 2.080,40 reais no produto.
Com a taxa anterior, de 7% ao ano, os valores seriam muito parecidos. A taxa de juros ao mês seria de 5,45% e cada parcela sairia por 173,56 reais – uma diferença de apenas 19 centavos em relação à nova taxa. A compra, no total, sairia 2.082,72 reais, apenas 2,32 reais mais barata.
Para o cheque especial, a diferença também é pequena. Um cheque de 20 dias de 1.000 reais teria uma taxa mensal de 12,12% com a Selic a 6,75% ao ano. Se considerarmos a taxa básica a 7%, a taxa mensal sobe para 12,14%. No final, o consumidor terá pago 80,80 reais em juros, no primeiro caso, e 80,93 reais, no segundo. Isso representa uma economia de apenas 13 centavos.
Confira abaixo uma tabela com as taxas de juros praticadas pelo mercado para pessoas físicas:
Linha de crédito | Taxa ao ano, com Selic a 7% | Taxa ao ano, com Selic a 6,75% |
Juros do Comércio | 89,04% | 88,61% |
Cartão de Crédito | 321,63% | 320,74% |
Cheque Especial | 295,48% | 294,64% |
CDC Bancos – Financiamento Veículos |
26,97% | 26,68% |
Empréstimo Pessoal Bancos |
62,52% | 62,15% |
Empréstimo Pessoal Financeira |
137,91% | 137,38% |