Comissão do Senado promove audiência sobre suspeita de espionagem da Vale
Ex-funcionário afirma que a mineradora realizou grampos telefônicos e quebrou de sigilo de dados telefônicos para obter vantagens. As denúncias foram reveladas pelo Radar on-line, de VEJA, em abril
Na última semana, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal realizou um debate para discutir supostas ações de espionagem e infiltração realizadas pela Vale. As suspeitas surgiram após revelações feitas por André Almeida, ex-funcionário da mineradora, conforme revelou a coluna Radar on-line, do site de VEJA, em abril.
Almeida é um ex-gerente da Vale na gestão de Roger Agnelli e levou suas acusações à Justiça Trabalhista do Espírito Santo e ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, em março deste ano. Segundo as denúncias feitas por ele, a Vale pagava propinas a funcionários de órgãos de segurança do governo, houve quebra de sigilo bancário, informações sigilosas do sistema Infoseg, do governo, foram acessadas e, além de terem sido elaborados grampos telefônicos e dossiês contra políticos e representantes de movimentos sociais.
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Segundo a Agência Senado, a representação ao Ministério Público, inicialmente feita via Rio de Janeiro, foi transferida para o Pará, e está a cargo da Procuradora da República no estado, Nayana Fadul, que esteve presente na audiência pública.
O advogado de Almeida, Ricardo Ribeiro, afirma que as acusações feitas por seu cliente podem ser provadas por fotografias, notas fiscais e planilhas apresentadas à Justiça. O ex-gerente foi demitido um ano antes da denúncia. De acordo com Ricardo, foi “criado um FBI dentro da Vale, onde pode tudo, se investiga tudo”. A Agência Senado cita ainda que a Vale foi convidada para a audiência, mas não enviou representante. A presidente da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES) afirmou que “cobrará por escrito a manifestação da empresa e os resultados da investigação e auditoria internas”, disse a Agência. Leia também:
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O delegado da Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH), Javier Mujica, sugeriu também que o Senado crie uma comissão de investigação sobre o tema, e pediu que o Ministério Público, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal façam uma investigação séria, livre de pressões e com conclusão em um prazo razoável.