Com inflação crescente, mercado estima taxa de juros maior, a 8%
Boletim Focus prevê inflação mais alta pela 23ª vez consecutiva e pressiona juro básico, cuja projeção para fim do ano cresceu 0,50 ponto em um mês
O Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 13, trouxe um aumento da previsão da inflação pela 23ª semana consecutiva. De acordo com a última pesquisa realizada com mais de 100 instituições do mercado pelo Banco Central, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 8% ao final de 2021, meio ponto percentual acima da estimativa de um mês atrás.
Nesse cenário, a consequência direta é a pressão na taxa básica de juros. O mercado elevou na última semana a previsão mediana da Selic de 7,63% para 8% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana para decidir sobre a Selic. Para 2021, o mercado também vê a Selic a 8%, acima dos 7,75% estimados na semana anterior. A estimativa para o PIB, por sua vez, foi revisada para 5,04%, ante a 5,28% previstos no mês passado.
No caso da inflação, o câmbio em patamar alto, a energia elétrica em alta, e a pressão dos combustíveis e alimentos puxam o IPCA para cima. A projeção desta semana, mais uma vez, está bem acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, que buscava 3,75% no ano, com margem de tolerância até 5,25%. Nos últimos 12 meses terminados em agosto, o índice acumula alta de 9,68%, segundo o IBGE.
Vale lembrar que, no ano passado, a inflação ficou em 4,52%, acima da meta de 4%, mas dentro da margem de tolerância. Caso a alta esperada pelo mercado para 2021 se confirme, o indicador terá acelerado mais que em 2016, quando teve alta de 6,29%. Em 2015, a alta foi de 10,67%. No caso de 2022, o mercado vê o índice a 4,03%, acima da meta de 3,50%, mas dentro do teto, que vai até 5%.
PIB
Pela quinta semana seguida, o Boletim Focus indica recuo na projeção para o PIB no ano. O mercado espera que o PIB feche o ano em 5,15%, abaixo dos 5,22% projetados na semana passada. Frente à estimativa de um mês atrás, o dado fica 0,15 ponto abaixo da previsão, de 5,30%. Para 2022, a estimativa caiu de 1.93% para 1,72%.
No segundo trimestre do ano, o PIB estagnou, com ligeiro recuo de 0,1% no período. O dado foi resultado de problemas de estiagem afetando o agro e de falta de suprimentos causando queda na indústria, e os serviços, que tiveram recuperação mais lenta do que a esperada, apesar do avanço da vacinação. Com a instabilidade política, clima eleitoral, problemas fiscais e a taxa de juros mais alta, a recuperação econômica projetada no cenário pós pandemia fica cada vez mais tímida.