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Com indústria dos EUA ociosa, Trump dificulta importação de aço do Brasil

Medida foi anunciada pelo republicano com intuito de proteger o mercado siderúrgico americano; países voltarão a discutir termos do acordo em dezembro

Por Felipe Mendes Atualizado em 30 ago 2020, 16h02 - Publicado em 30 ago 2020, 16h01

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma redução na cota de importação de aço semiacabado brasileiro neste sábado 29. A indústria siderúrgica do país americano desacelerou diante da queda de demanda proporcionada pelo novo coronavírus. Com o nível de ociosidade mais alto, a nação decidiu tomar medidas mais rígidas para a compra de aço de outras localidades.

A cota isenta para a importação do produto brasileiro passou de 350.000 toneladas para 60.000 toneladas no quarto trimestre. Presente na mesa da negociação, que começou em meados de junho, Marco Polo de Mello, presidente do Instituto Aço Brasil, afirma que a medida foi consensual, embora a exigência do setor, de 100.000 toneladas, tenha sido rechaçada.

Marco Polo de Mello
PLAUSÍVEL – Marco Polo de Mello, presidente do Instituto Aço Brasil: ‘Se olharmos a agressividade que os EUA adotaram com outros países, eu diria que o resultado do nosso acordo foi razoável’ (Instituto Aço Brasil/Divulgação)

A redução ocorre após o presidente americano, que está em plena campanha para tentar se reeleger, sofrer pressão das siderúrgicas locais para barrar as importações de outros países, sobretudo do Brasil. Hoje, há uma sobra do produto no mercado dos EUA.

“Com a queda do mercado interno americano, as usinas siderúrgicas passaram a ter um alto grau de ociosidade, o que faz com que elas possam usar essa capacidade para produzir o aço semiacabado, que eles tinham de importar do Brasil”, disse Polo de Mello. Apesar da derrota imposta à siderurgia brasileira, ele acredita que a solução encontrada foi “razoável” para ambas as partes. “Se olharmos a agressividade que os EUA adotaram com outros países, como, por exemplo, o Canadá, que tomou uma taxação de 25% em toda sua exportação de alumínio, eu diria que o nosso acordo foi razoável.”

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Em 2018, os Estados Unidos haviam flexibilizado as taxas de importação do aço para países como Brasil, Argentina e Coreia do Sul. A cota de exportação não-tarifada do produto semiacabado a partir do território brasileiro é de 3,5 milhões de toneladas ao ano. O que exceder ao montante, é taxado com 25%, o que, na prática, inviabiliza as exportações. Como os limites são estabelecidos por períodos trimestrais, quase 90% da exportação prevista para a siderurgia brasileira neste ano já foi garantida. Dos 10% da cota restante, que equivaleria a 350.000 toneladas de aço, o país só poderá exportar 60.000 toneladas. As partes voltarão a negociar em dezembro. Se a indústria americana se recuperar, os países poderão retomar o acordo nos moldes pré-fixados em 2018.

“O governo brasileiro mantém a firme expectativa de que a recuperação do setor siderúrgico dos EUA, o diálogo franco e construtivo na matéria, a ser retomado em dezembro próximo, e a excepcional qualidade das relações bilaterais permitirão o pleno restabelecimento e mesmo a elevação dos níveis de comércio de aço semiacabado”, declararam em nota conjunta os ministérios das Relações Exteriores e da Economia.

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