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Cavalera volta à cena fashion

Depois de quatro anos de ausência, a marca de streetwear festeja seus quase 30 anos de história com novo desfile e peças sob medida

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 mar 2024, 08h07 - Publicado em 29 mar 2024, 07h30

Marca forte da moda brasileira, a Cavalera marcou as passarelas da São Paulo Fashion Week com desfiles icônicos durante décadas. Com roupas jovens, irreverentes e confortáveis, a cada coleção, trazia um streetwear renovado com muitas influência do rock in rol, que extrapolava o interior das convencionais salas de apresentação. Pontos importantes da capital paulista –como a Estação da Luz, Elevado Costa e Silva e até o Rio Tietê – transformaram-se em palco da marca. A cada novo desfile, uma nova surpresa para o público.

Sob o comando do empresário Alberto Hiar, mais conhecido como “Turco Louco”, a grife nunca perdeu o DNA, ao mesmo tempo que soube beber de muitas expressões artísticas, inclusive de outros estilos musicais e tendências urbanas. Para entender essa versatilidade, em 2017, Hiar trouxe para as passarelas o universo sertanejo, com o desfile “Nossa moda de viola”, que contou com 20 cantores e dezenas de modelos no palco da casa show Tom Brasil. Vale lembrar que a marca começou em 1995, com Hiar e Igor Cavalera, ex-membro da banda de rock Sepultura, que acabou deixando precocemente a sociedade. Mas o estilo roqueiro permaneceu, sem nunca ser barreira para inovações.

Foram quatro anos de ausência do cenário fashion e muitas reformulações internas para a Cavalera voltar com um aguardado desfile, que acontece no Paço das Artes em São Paulo, no dia 17 de abril. Mais enxuta, sem lojas próprias, e com estrutura sustentável, Hiar fez questão de desenhar toda a coleção em parceria com o stylist Victor Miranda. Abaixo, a conversa que o empresário teve com a VEJA sobre a mudança do mercado da moda, principalmente depois da pandemia, a desleal concorrência das fábricas chinesas e o que o público pode esperar desse novo show.

A Cavalera volta à cena fashion diferente? Quais são os planos?
Estamos falando de uma marca querida. Muita gente começou a usar Cavalera na juventude e pôde acompanhar os trinta anos de história da marca. Ela tem força, apesar de os negócios terem sofrido muito com a Covid. A pandemia transformou a Cavalera e o mercado em geral. A maioria das empresas teve se adequar aos novos tempos, até mesmo às grandes empresas listadas na bolsa. A Cavalera passou de grande para média e se estruturou  através de uma bem desenha estratégia de e-commerce. Fechei todas as lojas próprias. Era um momento em que todas as vendas migraram para o online – as pessoas não saiam de casa – e os valores dos aluguéis subiram muito. Mas eu prefiro ter uma empresa média a uma grande. Na empresa de médio porte, posso fazer o que eu quero. Na grande, quem manda é o mercado. Antes da mudança, eu estava fazendo o que o mercado queria. Com a reestruturação veio uma grade mais comercial. Tivemos um bom crescimento a ponto de bater aumento de 40% por ano nas vendas.

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Como é a nova coleção?
É marcada pelo streetwear forte, mas com novo conceito. Importei praticamente toda a matéria prima que usei nos looks. O público verá muito moletom, malha e tecido plano e algumas texturas especiais que foram desenvolvidas para o desfile. Por exemplo, tem um tecido feito com material sintético que normalmente é usado na fabricação de bexiga –aquela que as crianças brincam e torcem para fazer bichinhos. Trata-se de uma coleção desestruturada, porém marcada por uma alfaiataria, que surpreende por ser desconstruída pela amplitude das peças.

Quantos looks o público pode esperar?
Planejei 40 looks e, se tudo der certo, teremos a contribuição do Maurício de Souza, que aceitou desenvolver desenhos da Turma da Mônica para a coleção. Isso me dá muito orgulho. A ideia é ter personagens brasileiros.

Como será a comercialização dessa nova fase?
É uma coleção limitada, onde algumas peças têm apenas 15 unidades. Há peças premium, as mais caras, como as de bexiga, que vão custar certa de R$ 20 mil cada. Essas serão vendidas sob encomenda e produzidas de acordo com as medidas do comprador. Vamos criar um modelo de compras, talvez virtual, para que as pessoas possam comprar o look no dia, durante o desfile. Paralelamente a essa coleção, que chamo de caviar, a Cavalera também desenvolveu peças mais comerciais, que serão vendidas em lojas parceiras e pelo o e-commerce.

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Como uma marca nacional, como a Cavalera, consegue competir com os preços das marcas chinesas no mercado online?
Quem tem uma marca desejada, que faz moda de verdade, não segue a tendência do fast-shop, então se diferencia. Quem não tem, sofre mais. De qualquer maneira, a concorrência chinesa é desleal, porque a indústria brasileira – não apenas a da moda – não consegue produzir com os mesmos preços. Os chineses não pagam impostos. Isso gera desemprego.

A indústria têxtil está em crise?
Na década de 1990, tínhamos uma indústria têxtil mais pujante. Com a abertura do mercado, isso foi acabando. Grandes tecelagens viraram importadoras de tecido. Fora do Brasil tem muita coisa de qualidade, muita variedade. Quando você vai para a Turquia é maravilhoso, pois o país se transformou no maior produtor mundial de jeans. A China também se destaca pela variedade de matéria-prima que oferece. No Brasil, o forte é a malharia, mas somos pouco relevantes em jeans e fibra sintética.

O que podemos esperar desse próximo desfile? Algo parecido com o dos antigos desfiles que marcaram época?
Ah, isso é surpresa. Só vendo para saber.

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