Carrefour pode trocar IPO por ‘oferta’ de Abilio
Empresário teria enviado uma proposta de sociedade para a rede varejista no Brasil
No auge da crise societária com Jean-Charles Naouri, dono do Casino, pelo controle do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Abilio Diniz inventou uma engenharia financeira que tinha o Carrefour como meio para evitar que o empresário francês passasse a deter o comando da rede varejista brasileira. O desenho parecia perfeito: a redistribuição das ações manteria Abilio como figura central do negócio, afastaria Naouri e faria do Pão de Açúcar-Carrefour uma potência do setor. O acerto não vingou, Naouri fez valer sua preferência para assumir o Pão de Açúcar, Abilio deixou a empresa fundada pelo seu pai e o Carrefour continuou sem um parceiro.
Passados quase três anos daquela tentativa frustrada, Abilio volta a cortejar o Carrefour. Segundo a agência Reuters, o Carrefour estaria estudando a possibilidade de trocar a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) por um investimento privado de até 5 bilhões de reais coordenado por Abilio Diniz, que poderia voltar ao dia-a-dia de uma rede varejista.
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Nesse período de desinteresse pelo mercado brasileiro de ações, o Carrefour estaria considerando mais viável a chegada de um investidor privado ao risco de afundar na bolsa de valores. As ofertas públicas de ações no Brasil estão no pior nível desde 2004, segundo dados da Thomson Reuters, refletindo a diminuição da confiança de investidores em meio à deterioração das contas públicas e a oportunidade de investimentos considerados mais atraentes em outras regiões. E não há expectativa de melhora significativa do mercado de capitais local no ano que vem.
No ano passado, Abilio deixou o GPA, vendeu uma parte significativa de suas ações e abriu mão de todos os direitos políticos na maior varejista do país, sendo liberado da cláusula que estabelecia não competição com a empresa. O empresário teria se unido à gestora Tarpon Investimentos e a um outro investidor para o negócio com o Carrefour.
Outro interessado em uma fatia do Carrefour seria um fundo soberano estrangeiro, diz a Reuters. O presidente global do Carrefour, Georges Plassat, afirmou na semana passada que a varejista avalia abrir o capital no Brasil em 2015, mas que também considerava buscar um investidor local.
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